por Jonas Taucci
Vemos acima, a pintura “Cristo
e o centurião”. Do pintor italiano Paolo Veronesi (Verona, 1.528-1.588),
que se encontra no Museu Nelson Atkins da Arte, cidade de Kansas, estado do
Missouri (EUA), feita por volta do ano de 1.575.
Esta pintura refere-se ao evangelho de Mateus (08:05 a 13):
E, entrando Jesus em Cafarnaum, chegou junto dele um
centurião, e lhe rogando disse: Senhor, o meu criando jaz em casa paralítico e violentamente
atormentado, E Jesus lhe disse: Eu irei, e lhe darei saúde. E o centurião,
respondendo, disse: Senhor, não sou digno de que entres debaixo de meu telhado,
mas dize somente uma palavra, e meu criado será curado. Pois também eu sou
homem sob autoridade, e tenho soldados às minhas ordens; e digo a este: Vai e
ele vai; e digo a outro; Vem, e ele vem: e ao meu criado: Faze isto, e ele o
faz., E se maravilhou Jesus, ouvindo isto, e disse aos que o seguiam: Em
verdade vos digo, que nem mesmo em toda Israel encontrei tanta fé. Mas eu vos
digo que muitos virão do oriente e do ocidente, e assentar-se-ão à mesa com
Abrão, Isaque e Jacó no reino dos céus, e os filhos do reino serão lançados nas
trevas exteriores: ali haverá pranto e ranger de dentes. E então disse Jesus ao
Centurião: Vai, e como creste te seja feito. E naquela mesma hora o seu criado ficou
curado.
Antes das considerações à luz dos Ensinamentos Rosacruzes,
seria oportuno tomarmos conhecimento de certos aspectos históricos importantíssimos
desta passagem bíblica;
***Centurião (oficial militar do
exército romano, responsável por comandar uma centúria: parte importante de uma
legião).
***Roma, a senhora do mundo no 1º
século D.C.(à época de Cristo os exércitos romanos ocupavam parte da
Europa, África e Oriente, estendendo-se às terras por onde Cristo viveu e
pregou).
***Religiões praticadas pelo Império Romano (consideradas pagãs pelos primeiros
cristãos).
***Os invasores (assim eram chamados os
romanos, havendo várias revoltas para sua expulsão nas regiões ocupadas).
Estas palavras de Cristo: “Nem mesmo
em toda Israel encontrei tanta fé”, intriga a dois milênios os teólogos
cristãos, pois a fé encontrada por Cristo - fica evidente - veio de um
centurião romano, consequentemente:
*** Um invasor.
*** Uma pessoa pagã.
***A fé do centurião que (segundo Cristo!), supera mesmo
a dos discípulos, seguidores e frequentadores do Templo.
***De alguém, originalmente “fora” do círculo religioso de onde Cristo pregava.
*** Resumindo: um “estrangeiro pagão” em “terras
santas” (Israel).
Mas, Cristo não deu a mínima importância a tudo isto
Identificou o mais importante: a preocupação do
centurião com seu semelhante, e sua enorme fé.
Não há nada – em todo o universo – superior a isso!
Fazer parte de uma religião, doutrina, seita ou
filosofia, “estar neste meio”, sem a devida utilização e prática do
que (apenas...) aprendemos à serviço dos desassistidos, incorre numa enorme ilusão
e para nós – aspirantes rosacruzes - no total menosprezo ao nosso Cristo Interno.
Nossa (tão somente) filiação à Fraternidade Rosacruz e nos
tornarmos (tão somente) probacionistas não será garantia de um desenvolvimento interno.
“São muitos os que estudam somente para seu
próprio benefício e não cultivam a fraternidade para com os demais. Sem dúvida,
é o serviço que executamos e a sinceridade com que praticamos os ensinamentos
que nos tornam, para o mundo, exemplos vivos desse amor fraternal, a qual
Cristo se referiu como sendo a realização de todos os mandamentos”).
Max Heindel, Carta aos Estudantes # 03.
A palavra probacionista (1) deriva do latim probo (muito utilizada em literatura
jurídica) que significa honesto. O verbo probare refere-se a agir com
honestidade, retidão.
Na Fraternidade Rosacruz, a palavra probacionista também
está associada com as “provas” pelas quais o aspirante
encontra em sua jornada na senda do caminho Crístico, contudo estas provas não
serão de forma alguma:
*** Escrita, de múltipla escolha.
*** Chamada oral; avaliação de conhecimentos.
*** Redação sobre algum tema sobre os Ensinamentos
Rosacruzes.
*** Cálculos perfeitos de configurações astrológicas.
Serão provas comportamentais (nosso probare de cada dia), e das mais sutis que possamos imaginar, onde nossos atos (ou omissões) com
nossos irmãos, irá determinar o grau de amadurecimento interno.
O florescimento de nossas sete rosas internas, muito
estudado pelo aspirante rosacruz, constitui-se numa obra alquímica paradoxal:
- Impossível alguém fazer isto por nós; trata-se de um
trabalho individual.
- Impossível realiza-la sem nos relacionarmos com nossos
semelhantes.
Mark Twain (1.835-1.910) escritor americano, nos deixou
esta bela frase:
(01) Sobre o Probacionismo: O Caminho Rosacruz
compreende sete etapas de desenvolvimento: Estudante Preliminar, Estudante
Regular, Probacionista, Discípulo, Irmão Leigo, Adepto e Irmão Maior. A
superação de cada um desses estágios corresponde a uma verdadeira
Transfiguração.
Durante as primeiras etapas, de Estudante a Probacionista, o
Aspirante cursa as matérias básicas e edifica os fundamentos da sabedoria e da
disciplina de seus Corpos. Assimilando o valor educativo dos ensinamentos
Rosacruzes, adquire a capacidade de direcionar suas energias e talentos a
propósitos cada vez mais elevados. Consciente de seus deveres morais e
espirituais, procura dominar as forças obscuras de sua vida inferior, até
conhecer os primeiros vislumbres da expansão do Eu.
Muitos anos e, às vezes, vidas de trabalho, de sacrifícios e
esmorecimentos, de coragem e desânimo, de quedas e levantamentos, de regozijo e
desespero, marcam essa fase preparatória. Há momentos de ofuscante luz que
sucedem densas trevas, em ciclos de aprendizagem.
Mas, todos os esforços e o progresso obtido são observados desde
os Mundos invisíveis pelos exaltados Guias. Um dia, os vislumbres convertem-se
em viva realidade, os obscuros contornos da visão de probacionista, adquirem a
nitidez do discípulo. Surge um ser humano novo em novidade de espírito.
As obras da carne, os zelos excessivos, o amor próprio, a
vaidade, o espírito sectarista, ontem propriedades características do ser
humano primário, desvanecem-se aos poucos.
Não imaginemos, contudo, que atingido o grau de discípulo, o
novo ser humano entra num período de contemplação estática e absorvente. Pelo
contrário, os poderes da ação e do trabalho estão presentes e mais atuantes do
que nunca. Seu pensamento permanece ocupado às vinte e quatro horas do dia, com
"tudo o que é verdadeiro, honesto,
justo, santo, amável e de boa fama" (Filipenses 4-8).
É um novo ser desabrochando. Seus familiares e amigos sentem a
força propulsora de sua vontade na dedicação às causas justas e nobres.
Beneficiam-se desses esforços admiráveis, dispendidos a custa de, não raro, verdadeiros holocaustos e da extrema
renúncia aos frutos do êxito.
Que poderemos, agora, imaginar das três etapas superiores: Irmão
Leigo, Adepto e Irmão Maior? Iluminados nas transcendentes alturas do Bem, do
Belo e do Verdadeiro, são inconcebíveis as vivências e sublimidades de seus
Espíritos. Max Heindel nos deixa antever algo da fecundidade de suas vidas:
"Os Irmãos Leigos vivem em
diferentes partes do mundo ocidental, recebendo uma ou mais Iniciações nas Escolas
de Mistérios Menores". São capazes de abandonar o Corpo Físico
conscientemente, para assistir ou participar dos trabalhos no Templo da Ordem
Rosacruz. Os Adeptos são graduados de uma Escola de Mistérios Menores, e
passaram pela primeira das quatro grandes Iniciações. Segundo os ensinamentos
Rosacruzes, o Adepto pode construir novos Corpos físicos por processos ocultos
de alquimia espiritual.
Os Irmãos Maiores são graduados das Escolas de Mistérios
Menores, e também dos Mistérios Maiores.
É um íngreme caminho a ser percorrido, porém, não há outro mais
dignificante. O sofrimento pode vir a ser um companheiro constante nessa
gloriosa ascese, surgindo, não obstante, como o prenúncio da morte do velho ser
humano.
Max Heindel afirma em sua obra INICIAÇÃO ANTIGA E MODERNA:
"O ser humano passa, continuamente,
por um processo de purificação, erradicador das substâncias mais inferiores e
grosseiras que fazem parte de seus veículos. Com o tempo e mediante a evolução,
esse trabalho de espiritualização tornará "nossa carne" transparente
e radiante. Radiante como o rosto de Moisés, o corpo de Buda e o Cristo na
Transfiguração". (Editorial da revista “Serviço Rosacruz” de outubro – 1.982 da Fraternidade Rosacruz de
São Paulo).
Amigo, querido, texto maravilhoso, iluminador! Muito obrigado!
ResponderExcluirBom dia carrissimo Irmão de jornada da Fraternidade Rosacruz.Que a Sublime Rosa vos Ilumine e vos guie. Vida Longa e Prospera.
ResponderExcluirEstou iniciando os trabalhos como Estudante Preliminar, mas aos poucos vou percebendo o potencial de Ensinamentos do nosso Veneravel Irmão Maior Max Heidel. Amém. Sergio Pires- Viamão-RS.
Querido irmão muito grato por compartilhar seu ensinamento conosco, Que as Rosas Floreçam na Vossa Cruz hoje e sempre.
ResponderExcluirCaros Irmãos e Amigos, como editora do blog e em nome do autor agradeço a todos a presença neste blog e os comentários. Que as Rosas floresçam em vossa cruz
ResponderExcluir