18 de set. de 2014

A Dádiva da Graça

Ref.: Efésios, 2: 4 a 10
“Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus; para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus. Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie;porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.”


A beleza e o poder transcendentes da religião cristã baseiam-se no fato de dar a seus seguidores uma oportunidade para renunciar à vida comum circunscrita pela lei e penetrar numa vida anímica, na qual há mais amor, misericórdia e graça. Esses atributos manifestam-se particularmente pela influência de Cristo, o segundo Aspecto do Deus Trino — nosso Criador.

Veja explicação do Diagrama 6
O Cristianismo Esotérico nos ensina que no começo de nossa, evolução setenária de manifestação Deus diferenciou dentro de Si mesmo uma hoste de Espíritos Virginais, cada um possuindo potencialmente os poderes de seu Criador, a fim de que, pela evolução, esses poderes se convertam em faculdades dinâmicas. Nesse plano original não existia previsão em relação ao pecado e à morte. (Veja Diagrama 6 do Conceito Rosacruz do Cosmos).

Durante a Época Lemúrica de nosso presente Período Terrestre, houve um tempo em que "um cérebro tornou-se necessário ao desenvolvimento do pensamento e da laringe para sua expressão verbal. Para isso, então, a metade da força criadora foi dirigida para cima, a fim de que o homem formasse esses órgãos. Foi assim que o homem, até então hermafrodita, tornou-se unissexuado e forçado a procurar um ser do outro pólo ou sexo, um complemento, necessário quando desejou criar um novo corpo, para gerar um novo instrumento que servisse a um espírito irmão para uma fase mais elevada de evolução.

Enquanto o ato criador era amorosamente realizado sob a sábia orientação dos anjos, a existência do homem estava livre da tristeza, da pena e da morte. Mas, ao ficar sob a tutela dos Espíritos Lucíferos, depois de ter comido da Arvore do Conhecimento, passou a perpetuar a raça, sem levar em conta a influência das linhas de força interplanetárias, transgrediu a lei e seus cor­pos se cristalizaram cada vez mais até o ponto de tirar-lhe a percepção espiritual sujeitando-o à morte de maneira muito mais notória do que então se processava. Dessa forma, foi forçado a criar novos corpos mais freqüentemente, em proporção á diminuição do período de vida terrestre e, portanto, de experiências necessárias à evolução espiritual. Os guardiões celestiais levaram-no para fora do jardim do amor (do Éden), para o deserto do mundo. Então o homem se tornou responsável, perante a lei de Causa e Efeito, que governa o Universo, por suas ações.

Ao tempo da vinda do Cristo, a maioria da humanidade tinha se tornado tão cristalizada que se encontrava a ponto de retrogradar. Uma ajuda teria que ser dada. Daí, Cristo, o mais alto iniciado do Período Solar, voluntariamente veio à Terra ; penetrou nosso globo por meio do sangue de Jesus, vertido na crucifixão e, desde então, irradia do centro de nosso planeta as tremendas vi­brações do poder unificante de seu Amor-Sabedoria. O Mundo do Desejo e a Região Etérica da Terra foram então purificados, tornando-se mais utilizável para os corpos de desejos individuais dos homens, formados ao voltarmos a renascimento.

Esse grande sacrifício (ainda em desenvolvimento, pois Ele, o Cristo, "estará conosco até a consumação dos séculos" ou destes tempos de materialidade), tornou possível aos seres humanos impregnarem-se com o altruístico amor de Cristo e transcenderem a lei ou temperar a lei, com o amor, a fim de penetrar na esfera de vida abençoada, pelo tesouro adicional de Sua Graça". Essa "dádiva benéfica de Deus" acena para todos aqueles que se dispõe a abraçar a vida de pureza, de serviço e alcançar a libertação das restrições da queda, ou seja, a salvação.

publicado  na revista Serviço Rosacruz de outubro, 1965.

1 de jun. de 2014

A Mulher Vestida de Sol


Ref.: Apocalípse, 12: 1- 6

O Espírito Humano é uma chispa do Infinito, abrangendo todas as possibilidades. O homem não é apenas uma unidade, uma entidade separada, embora venha situar-se como tal, desde que o observemos como membro de uma família, de uma comunidade, de uma nação, como habitante da Terra, etc.. Mesmo assim, liga-se a outros mundos e, conseqüentemente, com os seus habitantes.

Notamos a relação existente entre o Sol, a Lua e outros planetas em cada uma das diferentes religiões, inclusive a Cristã.

Em 21 de junho, isto é, no Solstício de Inverno (para o Hemisfério Sul) o Sol deixa o seu trono, passando através do signo de Leão – o Leão de Judá. Em 15 de agosto a Igreja Católica festeja a Assunção. Daí, em direção ao nodo ocidental, o Sol entra em Virgem, mais ou menos a 22 de agosto. A Virgem nasce do Sol, por assim dizer. Tal fato relaciona-se com a passagem do apocalipse acima transcrita: “E viu-se um grande sinal no céu: uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos seus pés”. Observando desde a Terra, temos a impressão de que em setembro o Sol cobre ou veste completamente o signo de Virgem, e como a Lua ai afrouxando a sua conjunção com o Sol, ela parece situar-se sob os pés da Virgem.

A vida de todos os Salvadores da Humanidade se desenvolve sincronicamente com a passagem do Sol ao redor do círculo zodiacal, o qual retrata as provas e os triunfos dos Iniciados. Tal fato vem dado margem à interpretações errôneas, entre outros a de que esses Salvadores nunca existiram e que os relatos sobre as suas existências são meramente mitos solares. Isto é um erro. Como ensina a Sabedoria Ocidental, todos os Mestres Divinos enviados para auxiliarem o homem, são individualidades cósmicas que ordenam suas existências de conformidade com as órbitas solares, que contêm antecipadamente, por assim dizer, uma biografia de suas vidas. Cada um deles vem com o conhecimento e a luz divina espiritual indispensáveis para ajudar o homem a encontrar a Deus. Há portanto, uma sincronização natural entre os eventos de suas vidas com os eventos do nosso “dador de Luz” – o Sol – em sua peregrinação de trezentos e sessenta e cinco dias ou um ano.


Os salvadores nascem de uma Virgem Imaculada ao tempo em que a obscuridade é maior entre os homens. Sincronicamente, o Sol do ano vindouro nasce ou inicia a sua jornada na mais longa noite do ano, quando o Signo da Virgem permanece no horizonte oriental em todas as latitudes, entre 10 e 12 P.M. Ela permanece tão imaculada como sempre, mesmo depois de ter dado nascimento ao seu infante solar. 

Relacionados:

Ritual do Solstício de Junho ( Inverno no Hemisfério Sul)

5 de jan. de 2014

Os Pastores Iniciados

por Corinne Heline (*)
Ref.: Lucas 2:15 a 17
“E aconteceu que, ausentando-se deles os anjos para o céu, disseram os pastores uns aos outros: Vamos, pois, até Belém, e vejamos isso que aconteceu, e que o Senhor nos fez saber. E foram apressadamente, e acharam Maria, e José, e o menino deitado na manjedoura. E, vendo-o, divulgaram a palavra que acerca do menino lhes fora dita;”

Quem eram esses pastores que se mantinham vigilantes à noite?

Naqueles tempos a grande fonte da economia eram os carneiros, e, por esta razão centenas de pastores viviam pelas colinas da Judéia, sem que, entretanto, a maioria notasse algo de extraordinário naquela noite.

O estudante do Cristianismo Místico sabe, porém, que esses pastores a quem o Anjo do Senhor apareceu, eram os Iniciados da Religião Ariana (o Carneiro), e como homens de elevada espiritualidade que eram, puderam clarividentemente perceber o Anjo mensageiro e clariaudientemente ouviram os cantos celestiais, proclamando a Nova Época que se inaugurava naquela noite. Foi na verdade, uma Noite Santa para a humanidade; foi a abertura do novo caminho que espiritualmente livrará o homem da roda do nascimento e da morte, possibilitando a todos aqueles que desejarem, beber da Água da Vida.

O nome David significa “bem amado”; Belém, a “casa do pão” ou o “princípio do coração” ou ainda o feminino manifestando-se em todas as coisas, do átomo até Deus. O desejo natural deve ser purificado e esse amor ou “princípio coração” deve ser expandido antes de Cristo poder nascer dentro de nós, pois as passagens da Bíblia correlacionam-se intimamente com nossas próprias vidas. Assim embora José e Maria vivessem em Nazareth, a setenta milhas além, era necessário, de acordo com a lei, que eles se deslocassem para Belém na ocasião em que se deu o nascimento da Criança. Similarmente, o grande princípio redentor do amor não poderá nascer em nenhum outro lugar, a não ser em Belém, que é a representação da vida purificada.

Jesus nasceu numa manjedoura, os animais alimentavam-se. Esse lugar representa a natureza dos desejos inferiores, que deve ser regenerada antes que o poder do Cristo possa nascer na estalagem, a qual simboliza a cabeça.

Assim, cada neófito no caminho da Iniciação deve também deixar Nazareth – a vida material – e iniciar a jornada a Belém, a vida impessoal purificada. Cada um verificará a princípio que não há acomodações na estalagem e que o nascimento deve ter lugar numa manjedoura onde os animais alimentam-se. Esse é realmente o significado do Natal.

Pouco significa para Jesus que reverenciemos o Seu nascimento na Santa Noite, pois o importante é que possamos aprender a segui-Lo, encontrando o caminho que nos conduzirá à realização da nossa Noite Santa individual. Canta Angelus Silesius:


"Ainda que Cristo nascesse mil vezes em Belém,
Se não nascer dentro de ti, tua alma ficará perdida.
Em vão olharás a Cruz do Gólgota
A menos que dentro de ti, ela seja novamente erguida. "


(*) parte 9 (fev,1966) da série The Gospels de Corinne Heline, publicado na "Rays from the Rose Cross" no período de maio de 1965 a setembro de 1974. Tradução publicada na revista Serviço Rosacruz de março, 1967.