12 de fev. de 2022

Bastar-se a Si Mesmo

por Gilberto Silos

Ref.: Lucas (12: 21 a 24)

No capítulo 12 de Lucas, Cristo nos adverte contra a ansiosa solicitude pela vida material quando afirmou: "Não estejais ansiosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer nem quanto ao corpo pelo que haveis de vestir, pois a vida é mais do que o alimento e o corpo mais do que o vestuário".

O cristianismo nos oferece lições práticas de vida, em que virtudes como a perseverança e a coragem são enaltecidas e apontadas como fatores de evolução. Mas, esse estado de espírito de quem encara a vida com otimismo e esperança não se adquire apenas através de leitura. É preciso vivência, ou melhor, é preciso viver. Esse caráter não se forja em pouco tempo, porém, cresce ao longo de uma caminhada sempre amena.

Em primeiro lugar, passamos pela experiência. Posteriormente damos conta do processo de desenvolvimento em nós mesmos. O indivíduo emerge da infância para a adolescência e desta para a maturidade, Em cada um desses momentos críticos vemos que as atividades e interesses da fase anterior são substituídas pelas da atual. Observamos como a natureza está preparando o organismo para o seu novo papel no mundo. Na verdade, ele nos reconcilia com as novas exigências, mostrando-nos as recompensas do período que se aproxima e que vai substituir o que vamos abandonar. Importa é, durante as asperezas da caminhada, não permitirmos que o medo, a inércia e a timidez inibam nossas potencialidades. Max Heindel afirmou enfaticamente que o "único fracasso é deixar de lutar". Somos espíritos, partes integrantes de Deus, e como tal, herdeiros de todos os Seus atributos. Aceitar coisas tais como derrotas, doenças e desânimo, é negar nossa herança divina. Em última análise, é um sacrilégio pensarmos na hipótese de viver sem Deus. Nele nos movemos vivemos e temos nosso ser. Deus é tudo em todos.

O homem deste final de século não consegue ser otimista, deixando-se influenciar pela transitoriedade das situações não lhe passa pela cabeça que tecla essa aparente confusão nada mais é do que a gestação de um bem maior.

Segundo Schopenhauer raramente pensamos sobre o que temos, mas sempre sobre o que nos falta. Será que o que temos não é suficiente para vivermos uma vida plena? Aquilo que lamentamos nos faltar, por acaso é tão importante assim?

O que realmente deve ser importante para nós? A resposta é individual, pois frequentemente alicerça-se em conceitos quase sempre subjetivos. O que é importante e vital para mim, pode ser irrelevante para você. Aquilo que e verdadeiramente importante deve estai no interior do homem. Não pode consistir de aparências ou exterioridades, mas de valores individuais imponderáveis, provenientes de uma vida amadurecida.

 Isto não é uma vã filosofia. A realidade dos fatos já provou que e verdade Uma das coisas que mais impressionou o mundo a respeito de Mahatma Gandhi foi a foto de todos os seus bens materiais quando do seu desenlace: um par de óculos, um par de sandálias, alguns trajes simples, uma roda de fiar e um livro O Mahatma inspirara-se também, na vida de Henry David Thoreau, o "pai da desobediência civil" e nas palavras que esse americano proferiu: "A riqueza de um, homem mede-se pelas coisas que é capaz de deixar para trás". O ser humano ansioso por satisfazer suas necessidades é como uma criança: precisa e quer tudo. Quando amadurece através de uma vida inspirada em princípios espirituais, transforma-se num ser que não necessita virtualmente de nada, porque tudo já é naturalmente seu, pela sua própria origem divina.

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