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11 de ago. de 2021

Sobre as Diferentes Interpretações da Bíblia

Max Heindel 

Pergunta: Por que cada seita interpreta a Bíblia diferentemente e como cada uma consegue uma justificação aparente às suas ideias a respeito desse livro?

Resposta: Essa pergunta proporcionaria grande satisfação a um cético, porque seria uma justificativa para seu ponto de vista de que todas as seitas estão erradas em suas crenças e que a Bíblia é um aglomerado de absurdos. No entanto, o caso é bem diferente. Não sustentamos a divindade desse livro, nem somos da opinião que ele contém a Palavra de Deus da primeira à última página. Reconhecemos o fato de que é uma tradução pobre dos originais e que há muitas interpolações inseridas em épocas diferentes para sustentar diversas ideias. Contudo, ao possuir tanta verdade e um conhecimento concentrado em tão pequeno espaço, é uma fonte de admiração constante para o ocultista, que sabe o que este livro realmente representa e tem a chave do seu significado.

Há um fato que o cético não consegue perceber. Sua opinião é que se uma certa interpretação é considerada correta, todas as outras necessariamente são falsas. Essa ideia é errada. A verdade tem muitas facetas e é eterna. A busca da verdade deve ser abrangente e nunca termina. Podemos comparar a verdade a uma montanha, e as várias interpretações dessa verdade aos diferentes caminhos que conduzem ao topo.

Muitas pessoas estão seguindo esses caminhos, e cada uma delas pensa que o seu é o único que a levará ao cimo. Mas isso só no início, pois apenas enxergam pequena parte da montanha. Pode-se desculpá-las quando alertam os seus irmãos: ―Vocês estão errados, venham para o meu caminho; é o único que leva para cima". Mas à medida que essas pessoas avançam e se elevam, percebem que todos os caminhos convergem para o topo, reduzindo-se a um só no final.

Podemos dizer, mais enfaticamente, que, nenhum sistema de pensamento capaz de atrair e reter a atenção de um grande número de pessoas por um determinado tempo, não encerre alguma verdade.

Percebamo-lo ou não, há em cada seita a semente do ensinamento divino que conduz as pessoas, gradualmente, ao topo da montanha. Portanto, devemos ter a máxima tolerância em relação a cada crença.

Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, vol I, perg.73

12 de jun. de 2021

A Bíblia é a "Palavra de Deus?"

por Max Heindel

Pergunta: Os Rosacruzes aceitam a Bíblia como sendo a “Palavra de Deus” da primeira à última página?

Resposta: Não, e menos ainda no que diz respeito à interpretação extremamente limitada de algumas pessoas que supõem que o livro, tal como o conhecemos hoje, é o único genuíno já oferecido à humanidade. Quando muito, poderia ser apenas um dos livros de Deus, pois há muitas outras escrituras sagradas que devem ser reconhecidas e não podem ser consideradas improcedentes por uns poucos pretensiosos, como aqueles que delegaram os chamados livros apócrifos à pilha de refugos literários.

Devemos lembrar que o Antigo Testamento foi escrito em hebraico, em épocas diferentes e por numerosos escritores, e esses textos não foram colecionados antes de Ezra. Desses escritos hebraicos, não temos hoje nenhum fragmento existente. Por volta de 280 A.C., a língua hebraica deixou de ser usada em relação às escrituras. A Versão do Septuaginta ou Versão Grega, é que entrou em uso e era a única Bíblia existente na época do nascimento de Cristo. Mais tarde, alguns dos escritos hebraicos foram encontrados e examinados pelos Massoréticos, uma seita que existiu cerca de 700 anos D.C. Este é o melhor e o mais acurado texto.

A tradução inglesa, mais usada hoje em dia, é a Versão do Rei James. Porém, Sua Majestade preocupava-se mais com a paz do que com a verdade, e a lei que autorizou a tradução da Bíblia proibia aos tradutores quaisquer passagens que pudessem interferir nas crenças existentes. Isto foi feito para evitar qualquer dissidência em seu reino. Dos quarenta e sete tradutores, apenas três eram versados na língua hebraica, e dois morreram antes da tradução dos Salmos. Vários livros foram rejeitados por serem considerados apócrifos e tiveram as palavras alteradas, pois o seu significado original não se ajustava à superstição da época. Martinho Lutero, na Alemanha, fez a tradução baseado no texto latino, que já havia sido traduzido do grego. Portanto, o risco de erros devido às excessivas e discutíveis traduções tornou-se muito grande. Além disso, na antiga escrita hebraica, os pontos representando as vogais foram suprimidos e não separavam-se as palavras, de forma que, ao inserir vogais em ordem diferente, obtemos palavras e frases de significados inteiramente diversos. Isso se aplica a qualquer frase. Em vista desses fatos, podemos concluir que as chances de obter uma versão precisa da escrita original são, realmente, bem pequenas.

Ainda mais, os escritores originais não tiveram a intenção de fazer da Bíblia um ―Livro de Deus‖ para todos, como pode ser constatado pela seguinte citação do Zohar: ―Infeliz do homem que vê na Torá (a lei — a Bíblia) apenas simples narrações e palavras comuns, porque se na verdade ela só contivesse isso, seríamos capazes hoje de compor uma Torá ainda mais digna de admiração. Mas não é assim; cada palavra na Torá contém um significado elevado e um mistério sublime... As narrações da Torá são as vestimentas da Tora... Infeliz daquele que confunde esta vestimenta da Torá com a Torá em si... Os ingênuos percebem apenas as vestimentas e narrações da Torá; não tomam conhecimento de outra coisa, não enxergam o que está oculto sob a vestimenta; os mais instruídos não se detém na vestimenta mas naquilo que ela encobre"...

Em outras palavras, não devemos prestar atenção à forma, mas apenas ao conteúdo. Num terreno onde batatas foram plantadas, não há apenas esses tubérculos, mas também o solo no qual estão ocultos.

Também na Bíblia, as pérolas da verdade oculta estão envoltas no que, frequentemente, parecem ser vestes horríveis. O ocultista que se preparou para possuir essas pérolas recebeu a chave e as vê plenamente. Para outros, elas permanecem obscuras até que também tenham trabalhado por essa chave.

Por conseguinte, enquanto o curso errante dos filhos de Israel e as negociações de um certo Deus com eles são parcialmente verdadeiras, ali há também um significado espiritual que é bem mais importante do que a história material. Embora o Evangelho contenha as linhas gerais da vida de um indivíduo chamado Jesus, essas são fórmulas de iniciação mostrando as experiências que cada um deve eventualmente atravessar no caminho rumo à verdade e à vida.

Esse caminho foi prognosticado pelas várias pessoas que escreveram a Bíblia, isto é, pelos profetas e videntes, mas apenas na possibilidade do seu tempo e período. Uma nova era exigirá uma nova Bíblia, uma nova palavra.

Do livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e respostas Vol.I perg. 78