Para um aspirante sincero, o Getsêmani se converte em um
lugar familiar umedecido com suas lágrimas pelo sofrimento da humanidade. Ele
também se converte em homem sofrido que se identifica com a dor, pois a medida
que avançamos no caminho do desenvolvimento espiritual, aumenta nossa
sensibilidade para a aflição daqueles seres que sofrem ao nosso redor. Ele
sente a angústia como se fosse em seu próprio corpo e a vive em seu coração.
Encontrar o Horto do Sofrimento é um passo muito necessário
no Caminho, pois somente a dor pode abrir-nos as portas da Glória. “Antes que
nossos pés possam levar-nos a presença de nossos Mestres, devem ser lavados no
sangue do coração”.
A lição suprema do Getsêmani é aprender a caminhar sem ajuda
dizendo: “Pai, não se faça minha vontade, senão a Vossa”. Temos que seguir
Cristo Jesus muitas vezes e provar do Cálice da dor sozinho antes que a suprema
lição possa ser aprendida. Há que se beber
desse cálice até o fim para que a ação acumulativa da dor, que
destroçará nossos corações, nos ensine a matar nossa personalidade e viver para
doarmo-nos completamente e sem reservas
para ajudar a curar o mundo. Quando aprendermos a fazer isto, por uma forma de alquimia
divina, todas as paixões transmutam-se em compaixão, uma compreensão divina
cujo poder nos capacita para aliviar e curar. Então não poderemos julgar
ninguém, criticar nem odiar. Pediremos somente convertermo-nos em um sacrifício
vivo no altar da humanidade, sem esperar favores, nem gratidão, nem sequer
compreensão daqueles que estão mais próximos de nós e nos são queridos. Nosso
único desejo é viver para poder servir. Este é um ideal extremamente elevado
para alcançarmos, mas é o único que devemos almejar antes de recebermos nossa
libertação final no Getsêmani.
Depois da última Ceia, Cristo Jesus e os onze discípulos
passaram através de uma das portas abertas da cidade e subiram ao alto do Monte
das Oliveiras. Ordenando aos outros oito discípulos que se mantivessem
escondidos atrás das árvores; o Mestre levou consigo Pedro Santiago, e João, os quais
eram os mais avançados espiritualmente entre os seus seguidores. Estes três
haviam estado com Ele quando ressuscitou a filha de Jairo, e haviam sido
testemunhos da Transfiguração. Pedro e João se “prepararam” para a Entrada
triunfal e também para a última Ceia. Estas coisas se relacionam com certo
desenvolvimento espiritual desses discípulos.
“Cheio de espanto” (tendo pavor) e “conturbado” (angustiado) significam em grego,
tremendo isolamento e agonia mental. Durante a Tentação, Cristo foi tentado
através do prazer e do poder. Em Getsêmani o foi através do sofrimento e da
dor. O Aspirante que aprende a seguir-Lhe deve passar por essas mesmas provas,
sendo que a severidade das mesmas dependerá do grau particular do seu
desenvolvimento. Quanto mais alto ascendamos, mais difíceis as provas . É muito
certo que Deus emenda a aqueles que ama.
Cristo Jesus estava procurando fazer com que Pedro Santiago
e João abandonassem seus corpos e Lhe seguissem ao Mundo do Espírito de Vida,
para que pudessem ler nos arquivos eternos e compreender o significado
esotérico de sua missão, com o propósito de que pudessem deduzir que Sua Paixão
e Morte não eram um fim, se não o princípio de Seu trabalho. Mas eles falharam,
pois estavam ainda tão embebidos na vida material, disputando acerca da posição
que havia de corresponder-lhe no Novo Reino, que não lhes foi possível seguir
ao Cristo, por isso é dito na Bíblia que estavam dormindo. Cristo Jesus
compenetrou-se que devia caminhar sozinho, já que a humanidade devia manter-se
nas trevas com relação ao verdadeiro significado da Sua Missão, pois, devia
continuar sem ser compreendido e atraiçoado mesmo pelos Seus discípulos mais
queridos.
Os discípulos nunca entenderam o significado interno de Seu
trabalho até o dia abençoado da iluminação que chamamos de Domingo de
Pentecostes.
A provação de Cristo foi tríplice: a Tentação no Deserto,
no Getsêmani e na Crucificação. Em relação a esta tríplice prova a agonia do Getsêmani
foi também tríplice: a falha de Seus discípulos amados, a traição de Judas e o
beber do cálice até o fim, na solidão, sem ser compreendido.
Judas representa a natureza inferior do homem, essa
tendência que procurando trair constantemente a natureza superior. O beijo de
Judas representa a natureza astuciosa em seus esforços para sobrepor-se.
Judas era o tesoureiro do grupo. Sua ambição pessoal sofreu
um golpe quando Cristo Jesus recusou dirigir em exército contra Roma. Judas
esperava que o Mestre se proclamasse Rei e lhe desse um alto posto entre os
oficiais. À medida que o Mestre dava ensinamentos mais profundos e espirituais,
Judas se perturbava mais e mais e como não entendia o lado mais profundo da
tarefa de Cristo, sua confusão degenerou-se em raiva e ódio e começou a tramar
uma traição. Os trinta ‘”dinheiros” de prata, tem um significado esotérico
profundo e se relaciona com a queda do princípio feminino no homem. Judas
pertencia a tribo de Judá que era regida pelo signo de Leo, o signo do coração.
A humanidade cairá ou se levantará através da sua natureza amorosa, cujo centro
está no coração.
Os poderes Crísticos de João e de Judas, representam
poderes internos. Cabe-nos transmutar a natureza de Judas e converte-la na de
João, a fim de despertar a divindade de Cristo dentro de nós. Faríamos bem em
meditar no axioma dos antigos gregos: “Homem, conhece-te a ti mesmo”
Traduzido da “Rays” de 1930, mês desconhecido pela
Fraternidade Rosacruz – Sede Central do Brasil
Amei! esse conteúdo sobre a Bíblia sagrada rosa super indico!
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