29 de dez. de 2022

O Pai Nosso, A Prece Do Senhor

"A Bíblia foi dada ao Mundo Ocidental pelos Anjos do Destino que dão a cada um e a todos, exatamente o que necessitam para o seu desenvolvimento."
(Max Heindel)

Referências: Mateus 6:9-13; Lucas 11:1-4; Atos 6:4; Romanos 12:12 e Tiago 5:6

A Oração, podemos dizer, abre um caminho através do qual a Vida e a Luz Divina podem expandir-se no Espírito, tal como, um comutador elétrico abre um caminho à corrente elétrica da usina de força até à nossa casa. A Fé, na Oração, é a energia que dá a volta ao comutador. Sem esforço muscular não daremos volta ao comutador para obter luz física e sem a fé não podemos orar de maneira a receber a iluminação espiritual. Se oramos com fins contrários à Lei, ao Amor e ao Bem Universal. as nossas orações não serão eficazes. Serão como um comutador de vidro num circuito elétrico. O vidro não é condutor, constituindo uma barreira à corrente elétrica, tal como as orações egoístas são barreiras aos desígnios de Deus. Por esta razão ficam sem resposta. Para que a oração atinja seu objetivo, é necessário orar de maneira justa.

O Pai Nosso é, precisamente, um maravilhoso modelo de Oração, provendo às necessidades do homem, como nenhuma outra fórmula poderia fazê-lo. Em algumas frases curtas encerra todas as complexas relações de Deus com o homem.

Para compreender bem esta sublime Oração e para poder realizá-la com compreensão e eficácia, lembremos que:

O Pai é o mais elevado Iniciado do Período de Saturno. O Filho é o mais alto Iniciado do Período Solar. O Espírito Santo é o mais alto Iniciado do Período Lunar.

O Espírito Divino e o corpo denso do homem começaram sua evolução no Período de Saturno e estão, portanto, sob a proteção especial do Pai.

O Espírito de Vida e o corpo vital começaram a sua evolução no Período Solar e estão particularmente a cargo do Filho. 

O Espírito Humano e o corpo de desejos começaram a evolução no Período Lunar e estão confiados especialmente à guarda do Espírito Santo. 

A Mente surgiu durante o Período Terrestre e não se encontra protegida por seres exteriores, mas deve ser guiada pelo próprio homem, sem nenhum auxílio externo.

No Pai Nosso há sete orações, ou mais exatamente, há três grupos de duas Orações e uma Súplica. Cada um destes três grupos está em relação com as necessidades de um dos aspectos do Tríplice Espírito e da sua contraparte no Tríplice Corpo. A frase inicial: "Pai Nosso que estás nos Céus" é apenas o endereço no envelope.

Recomenda-se ao estudante meditar sobre o diagrama 16 do Conceito Rosacruz do Cosmos que encerra a chave desta Oração e mostra a relação entre a Trindade, o Tríplice Espírito, o Tríplice Corpo e a Mente. Cada aspecto do Espírito está ligado por uma linha com a oração especialmente apropriada à sua contraparte no Tríplice corpo e dirigida ao elemento da Trindade que o tem sob a sua custódia.

O Espírito Humano eleva-se nas asas da Devoção até ao seu aspecto correspondente na Santa Trindade, o Espírito Santo, e pronuncia a Invocação: "Santificado seja o Teu Nome".


O Espírito de Vida eleva-se por Amor e dirige-se à fonte do Seu ser, o Filho: "Venha a nós o Teu Reino".

O Espírito Divino eleva-se pela Visão Interior Superior até ao Pai, fonte capital donde nasceu no dealbar dos tempos. Manifesta a sua confiança nesta Universal Inteligência com as palavras: "Seja feita a Tua Vontade".

Tendo alcançado assim o Trono da Graça, o Tríplice Espírito no homem apresenta as suas petições relativas à Personalidade ou Tríplice Corpo. O Espírito Divino roga ao Pai pela sua contraparte, o Corpo Denso; "O pão nosso de cada dia dá-nos hoje"

O Espírito de Vida roga ao Filho pela sua contraparte, o corpo vital: "Perdoa-nos as nossas dívidas assim como nós perdoamos aos nossos devedores"

O Espírito Humano roga pelo corpo de desejos com estas palavras: "Não nos deixes cair em tentação". 

E finalmente todos se juntam em comum apelo pela Mente: "Mas livra-nos do mal".

A frase final: "Porque Teu é o Reino, o Poder e a Glória" não foi dada por Cristo, no entanto, é muito apropriada como adoração final do Tríplice Espírito que termina a sua súplica à Divindade.

Considerando a explicação acima citada sob o ponto de vista analítico, vemos que há três sistemas religiosos que devem ser conferidos ao homem a fim de ajudá-lo a alcançar a perfeição: primeiro, Religião do Espírito Santo; segundo, a Religião do Filho, e por último, a Religião do Pai.

Sob o regime do Espírito Santo, a raça humana foi dividida em nações e os homens, pela sua adesão a um grupo, separaram-se da comunidade das nações. Depois, cada um dos grupos desprendeu-se dos outros pelo emprego de uma linguagem própria. Todos foram submetidos a certas leis e aprenderam a reverenciar o nome de seu Deus: um povo adorava-O sob o nome de LAO, outro com o nome de TAO e um terceiro sob o nome de BEL. Em todas as partes o nome deste Doador da Lei era considerado como Santo. O Chefe dos Espíritos de Raça, JEOVA, podia empregar um povo para castigar outro que havia transgredido a Lei; mas com isso surgia o inconveniente do crescimento do egoísmo e de separação da humanidade em detrimento do Bem Universal.

"O que não convém para todos, não serve para ninguém".

Assim, também, há que encontrar os meios de reunir as nações dispersas e fundi-las numa Fraternidade Universal. Tal será a obra de Religião do Filho, o Cristianismo. O espírito guerreiro das nações é desenvolvido pelos Espíritos de Raça, mas a Religião Cristã uni-las-á um dia e far-lhes-á trocar as suas espadas por arados, trazendo Paz e Boa Vontade sobre a Terra, quando o Reino do Filho tenha substituído as tribos e as raças.

Mais tarde, um ensino religioso ainda mais elevado, a Religião do Pai, unirá ainda mais estreitamente a humanidade. No Reino do Filho haverá uma Fraternidade Universal de indivíduos separados, isolados, que embora tendo interesses diferentes dispor-se-ão a dar e a receber o Amor, abandonando suas preferências individuais a favor do bem comum.

Porém, quando a Religião do Pai tornar-se uma realidade entre nós, o individual será completamente absorvido pelo interesse comum e, então uma vontade única, a Vontade de Deus, será feita sobre a Terra como no Céu. Não haverá mais Tu nem Eu, mas Deus será tudo em todos.

Nesse meio tempo, um certo trabalho deve ser concluído pelo Tríplice Espírito no Tríplice corpo, para espiritualizá-lo e dele poder extrair a Tríplice Alma.

O corpo denso é, apenas, um instrumento irresponsável. No entanto, tem um valor inestimável. Dele devemos cuidar e apreciar como um mecânico cuida e aprecia uma ferramenta de valor. Mantenhamos constantemente diante da nossa visão mental, o fato de que não somos os nossos corpos, como o mecânico não é suas ferramentas nem o carpinteiro é a casa que constrói. Este fato torna-se evidente se considerarmos que o nosso corpo é um agregado de células em perpétua mudança, enquanto que nós guardamos a identidade do nosso "EU" a despeito dessas mudanças, o que seria impossível se fôssemos identificados com o nosso veículo denso.

"Dá-nos hoje o pão nosso de cada dia", diz a quarta oração. Muitas pessoas comem demasiado e para elas um jejum ocasional pode ser útil. O jejum é desnecessário para os que não têm o prazer da mesa, mas vivem uma vida simples e frugal. Quando o corpo é demasiado nutrido, o Espírito pode estar sempre pronto, mas a "carne" será fraca. Constitui um erro, um Espírito jovem querer dominar a natureza inferior pelo jejum e torturas, a exemplo dos Iogues Indus, martirizando os seus corpos e imobilizando os seus membros. Este é um tão deplorável para o verdadeiro desenvolvimento espiritual, como o hábito de comer muito. Como dissemos, o homem dominador de seu apetite, não tem necessidade de jejuar, pois pode dar ao seu corpo o pão quotidiano com equilibrado bom senso.

Sendo o corpo vital o depósito do panorama da vida, onde são inscritos os nossos próprios pecados e o mal que sofremos dos demais, temos a quinta oração que anuncia as necessidades do corpo vital: "Perdoa-nos as nossas dívidas como nós perdoamos aos nossos devedores". Refere-se às necessidades do corpo vital.

Notemos que esta oração ensina a doutrina da remissão dos pecados nas palavras "Perdoa-nos"; e a Lei de Consequência, nas palavras: "Como nós perdoamos", fazendo assim da nossa atitude em relação aos outros, a medida da nossa redenção.

"Não nos deixes cair em tentação", é a prece para o corpo de desejos. Este sendo um depósito de energia, fornece o incentivo à ação. Uma sentença oriental diz: "Mata o desejo". E os orientais apresentam evidentes exemplos da indolência que dai resulta. "Matai a vossa ira" é um mau conselho, dado aos que se encolerizam. O homem sem desejos é como o aço não temperado, não pode cortar.

No Apocalipse, enquanto seis igrejas são louvadas, a sétima é anatematizada porque "não é fria nem quente, mas apenas uma comunidade insípida". Quanto maior é o pecador, maior é o santo, em um adágio verdadeiro. Ação de pecar requer energia, e esta energia pode ser empregada para o bem. Um homem pode ser bom porque pode não reunir a energia bastante para ser mau. Enquanto somos débeis, a nossa natureza de desejos nutre-nos e induz-nos à tentação; mas quando aprendemos a controlar nossa natureza de desejos, podemos então guiar o nosso caráter em harmonia com as Leis de Deus e dos homens. O desejo é o grande tentador da humanidade. É o incentivo principal de toda a ação e é bom enquanto esta serve aos desígnios do Espírito. Quando, porém, o desejo nos impele ao encontro de algo degradante é verdadeiramente necessário orarmos para não cairmos em tentação.

O Amor, a Fortuna, o Poder e a Fama, são os quatro incentivos mais importantes da atividade humana. Os Grandes Guias da humanidade, tiveram a sabedoria necessária para fazer deles o incentivo à ação, a fim de que o homem possa adquirir experiência e instruir-se. Eles são necessários e o aspirante pode continuar sem temor a fazê-los motivo de sua atividade, mas deve transmutá-los em algo superior. Deve transformá-los em aspirações mais nobres ao invés do amor egoísta que busca a posse de outro corpo.

O AMOR a que deve aspirar é o que vem da alma e abrange todos os seres, independente de raça, nacionalidade, credo, ou condição social. Tal amor cresce em proposição direta às necessidades de outrem.

Outra RIQUEZA não é digna de ser almejada senão a abundância de oportunidades para servir aos seus semelhantes.

Outro PODER, além do que serve para elevar o nível da humanidade.

Outra GLORIA, além da que aumenta as suas capacidades para divulgar as boas novas a fim de que todos os que sofrem possam rapidamente encontrar consolo, para o seu coração aflito.

O poder que guia e dirige esta energia dos nossos desejos, é a MENTE. A sétima oração. "Mas livra-nos do mal" é feita em favor da Mente.

Os animais são impelidos pelos seus desejos e não cometem pecados. Para eles não há maldade. Esta vem ao nosso conhecimento, só por intermédio da mente, e, pelo seu discernimento pode o homem ver diferentes cursos de ação e optar por um deles. Se resolve atuar em harmonia com o Bem universal, cultiva a virtude; agindo em contrário, cultiva o vicio. Notamos então, que a "inocência do menino", não é, de modo algum, uma virtude. O menino ainda não foi tentado, e por isso, é inocente. Com o tempo, a tentação insinuada pelos seus desejos virá provar o seu temperamento. Do domínio da mente sobre os desejos dependerá a sua tendência para o bem ou para o mal.

Se a mente é bastante poderosa para "Livrar-nos do mal", tornar-nos-emos virtuosos, o que é uma qualidade positiva, e mesmo, se caímos alguma vez antes de compreender o nosso erro, adquiriremos virtude logo que nos arrependamos e nos apartemos do mal. Mudamos então a qualidade negativa da inocência pela qualidade positiva da virtude.

Assim é que a ORAÇÃO DO SENHOR abarca todas as partes constitutivas do homem e expressa as suas necessidades respectivas, o que revela a sabedoria maravilhosa que está contida nesta simples fórmula.

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