6 de set. de 2021

O Testamento de João Batista

Rafael Sânzio, que em uma de suas pinturas representou José com seis dedos nos pés (e erro não foi), possuía aquela intuição comum aos artistas que captam as verdades espirituais e as demonstram para a humanidade através de sua arte, ou pelo menos levam-nos a refletir através de sua arte. Na maior parte de suas pinturas sobre o Jesus menino eram comum Rafael inserir a figura de João Batista.

Estavam sempre juntos, algumas vezes com suas mães, como querendo demonstrar a comunhão do anunciador do Caminho com o Caminho mesmo. Em “O Testamento de João Batista” de autoria de Francisco Preuss lemos: “Meu Reino não é deste Mundo” E este anúncio do Novo Reino foi perfeitamente compreendido por João Batista, último Profeta em Israel, que servia de arauto da Nova Era, preparando e endireitando as veredas do Senhor dos Exércitos Espirituais. Pela sua boca falava o Espírito Santo, assim como sucedeu a todos os profetas até então.

 Em João cerrava-se as portas do passado, do Velho Homem, tendo início a alvorada do Novo Homem. Estes acontecimentos estão bem representados pelas figuras de João e de Jesus. João, como preparador das veredas para o Novo Homem, pregava no deserto, batizando para o arrependimento com as seguintes palavras:

“EU VOS BATIZO COM ÁGUA, PARA O ARREPENDIMENTO; MAS, AQUELE QUE VEM APÓS MIM E MAIS POODEROSO QUE EU, CUJAS SANDÁLIAS NÃO SOU DIGNO DE LEVAR, ELE VOS BATIZARA COM ESPÍRITO SANTO E COM FOGO"'.

O texto do PDF abaixo tem como finalidade trazer à visão interna do leitor, a diferença entre esses dois batismos a que João se refere.

O Testamento de João Batista (PDF completo e original daedição de Francisco Preuss aqui)

11 de ago. de 2021

Sobre as Diferentes Interpretações da Bíblia

Max Heindel 

Pergunta: Por que cada seita interpreta a Bíblia diferentemente e como cada uma consegue uma justificação aparente às suas ideias a respeito desse livro?

Resposta: Essa pergunta proporcionaria grande satisfação a um cético, porque seria uma justificativa para seu ponto de vista de que todas as seitas estão erradas em suas crenças e que a Bíblia é um aglomerado de absurdos. No entanto, o caso é bem diferente. Não sustentamos a divindade desse livro, nem somos da opinião que ele contém a Palavra de Deus da primeira à última página. Reconhecemos o fato de que é uma tradução pobre dos originais e que há muitas interpolações inseridas em épocas diferentes para sustentar diversas ideias. Contudo, ao possuir tanta verdade e um conhecimento concentrado em tão pequeno espaço, é uma fonte de admiração constante para o ocultista, que sabe o que este livro realmente representa e tem a chave do seu significado.

Há um fato que o cético não consegue perceber. Sua opinião é que se uma certa interpretação é considerada correta, todas as outras necessariamente são falsas. Essa ideia é errada. A verdade tem muitas facetas e é eterna. A busca da verdade deve ser abrangente e nunca termina. Podemos comparar a verdade a uma montanha, e as várias interpretações dessa verdade aos diferentes caminhos que conduzem ao topo.

Muitas pessoas estão seguindo esses caminhos, e cada uma delas pensa que o seu é o único que a levará ao cimo. Mas isso só no início, pois apenas enxergam pequena parte da montanha. Pode-se desculpá-las quando alertam os seus irmãos: ―Vocês estão errados, venham para o meu caminho; é o único que leva para cima". Mas à medida que essas pessoas avançam e se elevam, percebem que todos os caminhos convergem para o topo, reduzindo-se a um só no final.

Podemos dizer, mais enfaticamente, que, nenhum sistema de pensamento capaz de atrair e reter a atenção de um grande número de pessoas por um determinado tempo, não encerre alguma verdade.

Percebamo-lo ou não, há em cada seita a semente do ensinamento divino que conduz as pessoas, gradualmente, ao topo da montanha. Portanto, devemos ter a máxima tolerância em relação a cada crença.

Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, vol I, perg.73

8 de ago. de 2021

A Cidade Quadrangular de Ezequiel e a Quadrangular Cidade Das Revelações

Ainda em épocas bem anteriores ao cristianismo, grandes ensina­mentos espirituais já eram entregues através de ritos iniciáticos. Grandes Templos foram erguidos com a finalidade de servirem de locais apropriados às diversas cerimônias onde eram conferidos, ritualisticamente, os graus iniciáticos. Nas margens do Nilo, ainda hoje, podemos encontrar ruínas maravilhosas, que anunciam uma época em que as iniciações se processavam no plano físico.

Com o surgimento da cristandade, foram incorporadas muitas destas fases iniciáticas aos seus ritos. Durante os primeiros três séculos da era cristã, a Igreja primitiva foi, verdadeiramente, a guardiã dos mistérios. Nos apócrifos originais dos Pais da Igreja, várias alusões são feitas com respeito aos ensinamentos ocultos, ou gnósticos. São Paulo por sua vez fala nesse sentido como: "CARNE PARA OS FORTES", e leite para os fracos e superficiais.

Na primeira Carta aos Coríntios 3:2, diz: "LEITE VOS DEI A BEBER, — NÃO VOS DEI ALIMENTO SÓLIDO; PORQUE AINDA NÃO PODERÍEIS SUPORTAR".

Tendo o mundo submergido, cada vez mais, no materialismo, estes ensinamentos místicos foram sendo esquecidos. Os Templos Iniciáticos, porém, preservam-se até os nossos dias nos planos internos.

Cada grande religião mundial tem o seu Templo, sendo por ele inspirada e dirigida em seu serviço. Em a nova interpretação da Bíblia multas vezes nos é indicado o lugar onde se encontra o Templo Místico de nossa época, quando cita a cidade de Jerusalém, isto "e, a Nova Jerusalém, constituída de éter.

Em a Nova "Época, os mais elevados ensinamentos esotéricos serão dados todos juntos, em uma única Iniciação. A Quadrangular Cidade de Ezequiel, e as citadas nas Revelações são descrições dos Templos do "Novo Dia", como também dos corpos cristíficados da nova raça pioneira que neles habitarão.

Ezequiel vê esta Cidade completamente perfeita, iluminada, num determinado país, formada de uma essência sublimada de fogo, ar, água e terra. Havia doze portões de entrada nessa Cidade; três em cada lado. Cada portão levava um nome correspondente ao de uma tribo de Israel, identificando-se, cada um, com os signos do Zodíaco.

Em conjunto, significam o novo corpo etérico feito de Luz, qualidade esta que nos habilitará para o nosso encontro com Cristo nas nuvens da Cidade Santa, para, juntos, reinarmos com Ele em Sua Glória.

As doze tribos indicam a força espiritual dos doze signos zodiacais que, incorporados no homem, representam as seis raças-raiz. Esotericamente são chamadas as doze Rosas na Cruz da Humanidade, desabrochadas naquele glorioso porvir. Em redor dessa Cidade, não haverá fortificações ou armamentos para guerras, pois, os pensamen­tos de antagonismos e lutas não existirão. Nesta Cidade habitarão iodas as tribos de Israel, isto é: a Humanidade em sua totalidade, renovada.

Com a abolição das guerras, a emancipação dos povos será um fato, fazendo que uma nova e unida Humanidade tome lugar no meio evoluinte. Uma maior explicação a respeito da raça que habitará a "Nova Terra" encontramos no capítulo 12 das Revelações, o Apocalipse. A Nova Cidade, tal como o corpo humano, será quadrangular, isto é, construída da essência sublimada dos quatro elementos. Esta Cidade, na alegoria bíblica, tem quatro portões, guardados por doze Anjos, que representam os doze centros espirituais despertos que transformam a pedra bruta, o cubo, o corpo denso, em cubo perfeito da Cidade Quaternária, espiritualizado. Nos portões acham-se escritos os doze nomes das tribos de Israel, símbolo do elevado impulso das doze Hierarquias criadoras, que na hora do despertar dos doze centros já citados, será atraído pelo candidato. Os doze fundamentos dessa Cidade têm os nomes dos doze apóstolos de Cristo; doze atributos ou forças, simbolizando o Homem-Liberto. Mostram-nos, também, a nova concepção da consciência racial, força cristã apostólica evoluinte, aguardada por toda humani­dade.

Extraído e traduzido de: "Das Rosenkreutz" por F.Ph. Preuss.

12 de jun. de 2021

A Bíblia é a "Palavra de Deus?"

por Max Heindel

Pergunta: Os Rosacruzes aceitam a Bíblia como sendo a “Palavra de Deus” da primeira à última página?

Resposta: Não, e menos ainda no que diz respeito à interpretação extremamente limitada de algumas pessoas que supõem que o livro, tal como o conhecemos hoje, é o único genuíno já oferecido à humanidade. Quando muito, poderia ser apenas um dos livros de Deus, pois há muitas outras escrituras sagradas que devem ser reconhecidas e não podem ser consideradas improcedentes por uns poucos pretensiosos, como aqueles que delegaram os chamados livros apócrifos à pilha de refugos literários.

Devemos lembrar que o Antigo Testamento foi escrito em hebraico, em épocas diferentes e por numerosos escritores, e esses textos não foram colecionados antes de Ezra. Desses escritos hebraicos, não temos hoje nenhum fragmento existente. Por volta de 280 A.C., a língua hebraica deixou de ser usada em relação às escrituras. A Versão do Septuaginta ou Versão Grega, é que entrou em uso e era a única Bíblia existente na época do nascimento de Cristo. Mais tarde, alguns dos escritos hebraicos foram encontrados e examinados pelos Massoréticos, uma seita que existiu cerca de 700 anos D.C. Este é o melhor e o mais acurado texto.

A tradução inglesa, mais usada hoje em dia, é a Versão do Rei James. Porém, Sua Majestade preocupava-se mais com a paz do que com a verdade, e a lei que autorizou a tradução da Bíblia proibia aos tradutores quaisquer passagens que pudessem interferir nas crenças existentes. Isto foi feito para evitar qualquer dissidência em seu reino. Dos quarenta e sete tradutores, apenas três eram versados na língua hebraica, e dois morreram antes da tradução dos Salmos. Vários livros foram rejeitados por serem considerados apócrifos e tiveram as palavras alteradas, pois o seu significado original não se ajustava à superstição da época. Martinho Lutero, na Alemanha, fez a tradução baseado no texto latino, que já havia sido traduzido do grego. Portanto, o risco de erros devido às excessivas e discutíveis traduções tornou-se muito grande. Além disso, na antiga escrita hebraica, os pontos representando as vogais foram suprimidos e não separavam-se as palavras, de forma que, ao inserir vogais em ordem diferente, obtemos palavras e frases de significados inteiramente diversos. Isso se aplica a qualquer frase. Em vista desses fatos, podemos concluir que as chances de obter uma versão precisa da escrita original são, realmente, bem pequenas.

Ainda mais, os escritores originais não tiveram a intenção de fazer da Bíblia um ―Livro de Deus‖ para todos, como pode ser constatado pela seguinte citação do Zohar: ―Infeliz do homem que vê na Torá (a lei — a Bíblia) apenas simples narrações e palavras comuns, porque se na verdade ela só contivesse isso, seríamos capazes hoje de compor uma Torá ainda mais digna de admiração. Mas não é assim; cada palavra na Torá contém um significado elevado e um mistério sublime... As narrações da Torá são as vestimentas da Tora... Infeliz daquele que confunde esta vestimenta da Torá com a Torá em si... Os ingênuos percebem apenas as vestimentas e narrações da Torá; não tomam conhecimento de outra coisa, não enxergam o que está oculto sob a vestimenta; os mais instruídos não se detém na vestimenta mas naquilo que ela encobre"...

Em outras palavras, não devemos prestar atenção à forma, mas apenas ao conteúdo. Num terreno onde batatas foram plantadas, não há apenas esses tubérculos, mas também o solo no qual estão ocultos.

Também na Bíblia, as pérolas da verdade oculta estão envoltas no que, frequentemente, parecem ser vestes horríveis. O ocultista que se preparou para possuir essas pérolas recebeu a chave e as vê plenamente. Para outros, elas permanecem obscuras até que também tenham trabalhado por essa chave.

Por conseguinte, enquanto o curso errante dos filhos de Israel e as negociações de um certo Deus com eles são parcialmente verdadeiras, ali há também um significado espiritual que é bem mais importante do que a história material. Embora o Evangelho contenha as linhas gerais da vida de um indivíduo chamado Jesus, essas são fórmulas de iniciação mostrando as experiências que cada um deve eventualmente atravessar no caminho rumo à verdade e à vida.

Esse caminho foi prognosticado pelas várias pessoas que escreveram a Bíblia, isto é, pelos profetas e videntes, mas apenas na possibilidade do seu tempo e período. Uma nova era exigirá uma nova Bíblia, uma nova palavra.

Do livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e respostas Vol.I perg. 78

1 de abr. de 2021

O Lavatório dos Pés ou o "lava-pés"

Ref.: João 13 (12-15)

O lavatório dos pés ou o “lava-pés”, cujo simbolismo é profundo e de suma transcendência, é considerado pela grande maioria como um ensino puramente moral de humildade e abnegação.

Em João nós lemos:

Depois que lhes lavou os pés, e tomou as suas vestes, e se assentou outra vez à mesa, disse-lhes: Entendeis o que vos tenho feito? Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou. Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também. ” (João 13:12-15)

Os Rosacruzes relacionam esta passagem (que como sabemos, é uma das etapas que teremos que vencer para chegarmos à iniciação), com o contínuo movimento de cooperação e retribuição entre os diversos reinos da Natureza. É uma alusão a que a Lei do Superior é o produto do Inferior. O que está mais alto na escala da evolução necessita do que está mais abaixo em uma escala descendente, porque, se não existissem as sucessivas escalas, apoiando-se uma nas outras, o superior não teria onde firmar-se.

O Cristo, o enviado de Deus, não poderia ser tal sem os apóstolos, os quais deram “bases” para seus ensinos e, por meio deles pode manifestar-se logo em toda Sua glória e poder.

Assim sendo, o aspirante rosacruz tem o conhecimento da necessidade da prática dessa lei da natureza, que não lhe pede apenas humildade, mas reverência e colaboração consciente no serviço para com todas as ondas evolutivas.

De: Os Segredos do Cristianismo, revista Serviço Rosacruz, agosto de 1972
Imagem: Do álbum de fotos do irmão Antonio Rueda.

Mais sobre o "Lava-pés" : veja O Lavapés místico de cada um de nós: