29 de nov. de 2013

O Rito da Natividade

por Corinne Heline (*)
Ref.: Lucas,2:7-14
Jesus nasceu quando o Sol entrou, em Capricórnio, o signo do mestrado, o despertador da consciência do Cristo e o regente da santa estação, o Solstício de Inverno.(para o Hemisfério Norte). Lemos em Lucas:2:7-14,
"E deu à luz a seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e depositou-O numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem".
"Ora havia naquela mesma comarca pastores que estavam no campo, e guardavam durante as vigílias da noite o seu rebanho";
"E eis que o Anjo do Senhor veio sobre eles, e a glória do Senhor os cercou de resplendor, e tiveram grande terror".
"E o Anjo lhes disse: Não temais, porque eis aqui vos dou novas de grande alegria, que será para todo o povo":
"Que hoje, na cidade de David, vos nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor".
"E isto vos será por sinal: Achareis o menino envolto em panos e deitado numa manjedoura"
"E, no mesmo instante apareceu com o Anjo uma multidão dos exércitos celestiais, louvando a Deus, e dizendo":
"Glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade para os homens"

A Iniciação é um processo cósmico de iluminação e de liberação de poder. As experiências que a ela se relacionam são semelhantes para todos. Essa é a razão por que Buda, Krishna Agni, o deus do fogo, Osiris, Zeus, Mitras, Dionisius, Hermes e muitos outros foram considerados terem nascido de virgens mães por meio da imaculada concepção, nascimentos esses que tiveram lugar, como o de Jesus à meia noite, numa caverna, numa gruta ou num estábulo. Assim é como que uma constante, todo mensageiro que venha inaugurar uma grande religião mundial, deve ser imaculadamente concebido, vindo a nascer envolto pela íntima e mística beleza do significado que tal concepção.
Um Ego assim nascido é chamado "uma alma velha", alguém que já teve inúmeras vidas de preparação na Terra, durante as quais desenvolveu uma su­blime compaixão que o qualifica a viver uma vida de auto renúncia, indis­pensável para tornar-se Mestre de seu povo. Tal Ego é cuidadosamente vigia­do e amparado pelas Hierarquias Divinas que guardam a evolução humana. O seu nascimento é inolvidável evento que Anjos e Arcanjos aguardam, esperam e cantam hosanas quando suavemente essa alma é levada a nascer. A Kabala afirma que os Querubins e Serafins (os Senhores de Câncer e de Gêmeos) uniram-se ao coro angélico para anunciar o nascimento do Mestre Jesus, cantando "Paz na terra e boa vontade entre os homens", a mensagem cheia de profundo significado esotérico que acompanhou a Nova Dispensação foi introduzida no mundo, fazendo que em Nome de Cristo-Jesus todo joelho se dobre e todas as vozes proclamem Sua gloria transcendente como Senhor e Re­gente da Terra.
O nascimento do Salvador do Mundo foi um evento cósmico sem significado paralelo, não surpreendendo, portanto que ele se retrate nos céus ano após ano. Nas estrelas temos uma biografia dos Grandes Seres que vêm à terra cumprir missões mundiais. "Como é em cima assim é embaixo". Em letras flamejantes - para  aqueles que podem ler – está escrito na abóboda celeste, todos os anos na santa estação do Natal, o cósmico delinear do grande evento de Cristo.
Ao tempo do Solstício de Inverno, o Sol, a luz física do mundo material, atinge sua mais extrema declinação meridional. O hemisfério norte fica então parcialmente morto na medida em que a sua dadivosa e beneficente vida lhe diz respeito. Então se torna como que necessário o nascimento de um novo deus de luz para salvar a humanidade das trevas, do frio, da fome e de uma morte eventual.
Na noite de 21 de dezembro, o Sol começa lentamente a ascender em direção ao equador da terra. Dessa forma podemos dizer que uma nova criança Solar nasce no tempo do Natal. De 10:00 horas p. m. até a meia noite de 24 de dezembro em todas as latitudes norte, o Signo de Virgo, a Virgem, o Signo da Pureza, da Imaculada Concepção e o tipo deificado da maternidade é visto no horizonte oriental pairando sobre o santo nascimento, enquanto na faixa de Orion brilham as três estrelas chamadas os Três Magos ou Homens Sábios (mago, significa trabalhador maravilhoso) que anunciam esplêndida mensagem da Natividade. Ao tempo do Solstício de Inverno três estrelas estarão no céu ocidental em oposição à Virgem no horizonte oriental.
O decreto do Imperador Augustus mandando que todos se dirigissem a Belém para serem recenseados, levou grande multidão à vila. A estalagem estava cheia e assim José e Maria acomodaram-se num estábulo e o santo bebê nasceu numa manjedoura onde se alimentavam os animais.
Depois que José, com suave e amoroso cuidado, preparou a rude manjedoura como melhor podia, afastou-se a uma curta distância de joelhos observando a bem amada Virgem com profunda admiração. Estava ela ajoelhada orando tão absorvida em extasiantes visões que de tempo em tempo, de acordo com os registros legendários, ela ascendia acima do solo enlevada ante a visão gloriosa de luz que a rodeava estendendo-se como uma ponte dourada, ligando o céu e a terra. Abaixo desse raio estava uma multidão sonora de Anjos fazendo o ar vibrar com seus tremeluzentes movimentos é com a maravilha de seus cânticos triunfantes. À hora mística da meia noite a aura luminosa do Santo Infante tornou-se mais brilhante do que todas as luzes da Terra, enquanto a abençoada mãe, juntamente com José e as hostes de Anjos ajoelhavam-se extasiados ante a majestade de Sua presença.
As lendas místicas acrescentam, ainda, que durante o jubiloso parto de Maria todos os pássaros pararam seus voos; a ovelha junto à água não bebia; os gados, nos estábulos, caíram sobre joelhos, e toda a natureza ficou paralisada em êxtase durante aquele tempo. Foi um evento bendito e encantador. Isso é apenas um modo alegórico para dizer que na primeira Santa Noite, por meio do poder da misteriosa Estrela, que focou os seus raios sobre a Terra, toda a vibração do planeta se elevou e iluminou em preparação à vinda daquele glorioso Espírito, Cristo-Jesus. Existe uma razão esotérica assinalando o porque do nascimento de Jesus em Belém; essa razão é que há um centro magnético entre Jerusalém e Belém através do qual poderosas correntes espirituais passam em direção ao coração da terra. Por milhares de anos, antes da Era Cristã, homens sábios e mestres de todas as Escolas de Mistérios auxiliaram no preparo desse santo lugar para. o transcendente trabalho do Cristo. Convém lembrar que em seus centros mais íntimos todas as Escolas da Verdade eterna trabalham em unidade e harmonia para a ascensão e iluminação da humanidade. Somente quando o Espírito fica submergido pela letra e pela mera forma é que as diferenças, as distinções e os antagonismos surgem. Uma parte da missão das chamadas religiões pagos -- todas elevadas, belas e reais em seus inícios — destinavam-se a auxiliar o preparo da humanidade para .a vinda do Salvador do Mundo, o Cristo.
Esse trabalho de espiritualização na Terra Santa — assim bem chamada sob o ponto de vista esotérico -— ainda está sendo levado a efeito pelas Escolas de Mistérios dos planos etéricos, na preparação da segunda vinda do Cristo. Os. Mistérios dos Solstícios de Verão e de Inverno estão muito em relação com esse trabalho. A “região de Belém" é o centro de um grande poder espiritual e ao tempo do Nascimento estava guardado pelos Raim (os Pastores-Iniciados) .
O canto "Paz na Terra e boa vontade para os homens" cantado em uma tônica vibratória particular na Santa Noite pelas hostes angélicas e pelos Seres iluminados entre a humanidade está infundindo uma nova potência espiritual na Terra, tornando cada ano mais fácil para a humanidade realizar a fraternidade, o altruísmo e o companheirismo; ao passo que, ajuda também aos pioneiros a manifestar mais ativamente os poderes do Cristo nascente interno.
Repetimos, cada um está destinado a experimentar todos os graus delineados na vida de Cristo-Jesus, porque cada Ego é um Cristo em formação. A Concepção Imaculada e o Santo Nascimento tornar-se-ão dentro de algum tempo urna experiência demonstrável e vivente dentro da vida de cada um. A meditação sobre esses mistérios espirituais levará o aspirante cada vez mais próximo, internamente, da aura do grande Sagrado Coração de "Amor, que abraça tudo e a todos e cujo poder está em seu máximo durante a abençoada Santa Estação.

(*) parte 9 (fev,1966) da série The Gospels de Corinne Heline, publicado na "Rays from the Rose Cross" no período de maio de 1965 a setembro de 1974. Tradução publicada na revista Serviço Rosacruz de fevereiro, 1967.

 

29 de out. de 2013

Paulo e a Persistência em Fazer o Bem

por Luiz Márcio da Silva
Ref.: I Corintios, 5:17
 
Um dos desafios mais importantes entre tantos na vida do aspirante espiritual à vida superior, é a de transformar o homem velho em homem novo. Neste particular, São Paulo é um exemplo vivo, pois antes de sua conversão na estrada de Damasco e o encontro com Ananias, ainda era Saulo, o homem velho.
Pertencia Às legiões romanas e acima de tudo, era cidadão romano, cumprindo rigorosamente a Lei, fazendo uso da força, da energia, sentenciava cristãos à morte. Defendia então a Lei.
Entretanto, a caminho de Damasco, Saulo fica cego, ouve a voz do Senhor,e da[i em diante torna-se um soldado de Cristo. Posteriormente passa a ser chamado de Paulo.
Quando São João nos diz que estava numa ilha chamada Patmos nos dá a chave da natureza das suas visões porque a palavra Patmos significa iluminação. Nos tempos anteriores a Cristo a expressão ilha de Patmos era usada como referência à iniciação. Por meio do processo iniciatório o amado Discípulo estava apto para em Espírito ou no estado de consciência requerido, ver nos planos elevados e lá funcionar em corpos invisíveis.
Estudando o livro da Revelação vemos como um dos seus aspectos fundamentais que ele foi escrito dentro do místico número sete. Assim: João teve sete visões nas quais recebeu as mensagens para as sete igrejas. Existem sete anjos ante o trono, tendo sete lâmpadas de fogo e sete trombetas. Há sete castiçais, os sete selos do livro e os sete trovões. A significação do uso desse número está explicada nos ensinamentos da ciência oculta que diz que o homem é sétuplo, tendo um tríplice Espírito que possui um tríplice corpo ligado com a mente. No corpo do homem existem sete centros espirituais, os quais quando despertos e desenvolvidos expressam os poderes espirituais do Espírito interno.
Desde que o homem é sétuplo e uma vez que ele é o componente de um Todo neste campo particular da evolução - para quem a mensagem de São João é particularmente dirigida, podemos supor que aquela mensagem que deve ser escrita no "livro" e enviada às sete igrejas contém informações a respeito do homem em si mesmo. Em outras palavras, as sete igrejas são uma forma simbólica de expressão que se refere aos sete centros no homem, os quais devem ser desenvolvidos através de um processo espiritual. Todo homem sendo um Deus em formação, eventualmente obterá o destino da Divindade.
A descrição dada por aquele que fala à João com "uma grande voz como uma trombeta", sugere um Poderoso Ser da onda de vida arcangélica. A tremenda vibração emanada de tal Ser constituirá uma "veste que irá até aos pés", enquanto que o cabelo - "branco como a neve" - e os olhos "como a flama do fogo", indicam a pureza e o poder espiritual de tão exaltado Ser. A "afiada espada de dois fios" sugere o poder positivo-negativo do Espírito desenvolvidos a um alto grau.
 publicado no ECOS da Fraternidade Rosacruz - Sede Central do Brasil, setembro,1981
 
 Relacionados:
 

27 de set. de 2013

Revelações

por Gilberto Silos
 
Ref.: Mateus 16: 13-18 (citado na imagem)
 
O significado desse episódio é um ponto muito controvertido nos evangelhos. Os teólogos dos vários credos cristãos divergem entre si, às vezes até frontalmente, no que diz respeito à interpretação do capitulo 16 de Mateus. Inclusive, a tradição católica sempre viu na promessa feita a Pedro uma indicação da autoridade soberana conferida ao príncipe dos apóstolos (Pedro) e aos seus sucessores, arrogando-se a legitimidade de verdadeira representante de Cristo aqui na Terra. Para muitos católicos Pedro teria sido o primeiro Papa. Na verdade, Cristo em momento algum de seu ministério estabeleceu uma hierarquia eclesiástica, criou dogmas ou indicou algum ponto geográfico como sede do Cristianismo. A sede ou templo do Cristianismo é o coração do homem regenerado, onde cada um é o sacerdote de si mesmo, sem submissão a dogmas ou normas externas. O verdadeiro discípulo de Cristo age de acordo com os ditames do Eu Superior, inspirado no seu entendimento dos ensinamentos do Mestre.
Para os teólogos, outros ponto delicado nesse capítulo é o que alude à identificação de Cristo por parte do povo. As respostas oferecidas deixam claro que muita gente, naquela época, já aceitava a teoria do renascimento, pois de outra forma como poderia alguém imaginar que o Cristo fosse Jeremias, Elias ou qualquer outro profeta desencarnado séculos atrás?
Nesse capítulo, pela primeira vez a identidade do Cristo é revelada. Pedro foi intuído a esse respeito, divinamente inspirado. Não foi obra do intelecto ou de percepção por parte de qualquer sentido físico, pois de outra forma o Cristo não teria ressaltado que a revelação não proviera da "carne e sangue". Carne e sangue aqui representam as luzes da razão humana, falíveis por si só. O mais notável é a afirmação de que "sobre esta pedra edificarei a minha igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela". A palavra pedra tem um significado místico. Simboliza o conhecimento ou poder espiritual, princípio, sabedoria. A igreja que o Cristo edificou sobre a pedra, isto é sobre o princípio básico do amor, representa o templo interno, construído sem ruído de martelos. Inferno quer dizer "o mais inferior". Os valores mundanos (inferiores) não têm poder para derrubar o templo interno, solidamente edificado na rocha da verdade.
 
 

13 de ago. de 2013

João, O Precursor


Ref.: Mateus, 11
À João, dentre aqueles enviados à terra antes de Jesus coube a mais elevada missão espiritual. João Ba­tista formou a primeira das Escolas Internas dedicadas às profundas in­terpretações dos Mistérios Cristãos, preparando os pioneiros para a era de Pisces. Daí o significado das pala­vras de Cristo: "O reino dos céus é tomado à força e os que se esforçam são os que o conquistam.” Isto quer dizer que a Escola Interna Pisciana fundada por João Batista constituía um caminho àqueles desejosos de pe­netrar no reino dos céus através os portais da iniciação.
Como Jesus, João nasceu de pais Iniciados, houve uma anunciação an­gélica por meio de Gabriel, uma ima­culada concepção e um nascimento santificado.
Zacharias, pai de João, foi um sa­cerdote a serviço do templo em Je­rusalém. Os sacerdotes escolhidos por sorteio encarregavam-se de su­prir de incenso o altar situado no Lugar Santo. Essa tarefa Zacharias vinha desempenhando desde a sua juventude. Após cinquenta anos de serviço no templo, achando-se no Lugar Santo, o Anjo lhe apareceu anunciando a vinda de João.
A quietude e paz do lar durante os primeiros anos de vida de João Batista, a companhia de sua santa mãe, a majestade das montanhas e a magnificência do deserto, consti­tuíram um ambiente propício ao seu amadurecimento. A promessa angé­lica de que ele seria ''cheio do Espírito Santo desde o ventre de sua mãe", realizou-se.
Com a idade de doze anos fez sua primeira visita ao templo. Observou as maravilhosas colunas, as escadas, os altares do mais branco mármore, seus portais de bronze, o séquito dos sacerdotes com suas vestes pompo­sas. Entretanto, João, constatou, a despeito de toda aquela magnificên­cia exterior, uma ausência completa de calor espiritual.
Os romanos, dominadores da Pa­lestina, conferiam o ofício de sacer­dote àquele que mais lhes pagasse. Por esta razão, Annas, o mais opu­lento e poderoso dos saduceus mantinha-se nesse posto durante o mi­nistério de João e de Jesus. Trans­formou o templo num verdadeiro antro de vendilhões.
João, durante as viagens que realizava de Judá a Jerusalém, presenciava os atos de extrema crueldade dos soldados romanos e a afrontosa co­brança de impostos. Os serviços do Templo se revestiam de um caráter mundano e o povo vivia debaixo de execrável opressão. João indignou-se contra esse estado de coisas. Sua índole, totalmente avessa a tais injusti­ças, impeliu-o mais tarde a censurar acerbamente o Estado e a Igreja.
Desde a infância mostrava-se diferente dos de sua geração. As outras crianças olhavam-no como se ele pertencesse a outro mundo. O convívio com seus elevados pais, e as instruções que recebia tornavam-no apto a cumprir uma missão de destaque.
Embora tivesse passado pelas provas que o habilitavam ao noviciado no Templo, seu Espírito encontrava-se além. Não lhe estava destinada uma vida de mera rotina. Uma grande missão o esperava.
Depois da morte de seus pais. João defrontou-se com o problema comum a todos os aspirantes que procuram dedicar-se de corpo e alma à vida espiritual, isto é, manter-se equilibrado entre as coisas do Espírito e as do mundo. Como sacerdote teria pela frente uma vida relativamente tranquila. Seus deveres para com o Templo restringiam-se a umas poucas semanas durante o ano. Isto lhe desagradava profundamente. Jamais se conformaria em servir a uma religião formal, onde os ritos purificadores eram celebrados por homens devotos no "príncipe do mundo". Tudo ao seu redor lembrava os rogos das viúvas e os choros dos órfãos, enquanto Os publicanos ofereciam as suas infin­dáveis orações, sem quaisquer vestígios de espiritualidade.
João ponderou sobre essas coisas e acabou retirando-se para o deserto. Viveu durante quase vinte anos na solidão, a que já se habituara desde sua existência passada quando renas­ceu como o rude profeta Elias. Nesse Isolamento, encontrou todas as con­dições para preparar-se devidamente como o precursor da Nova Dispensação.
A Galiléia, no tempo de João, era a encruzilhada do mundo, povoada por uma mistura de raças de nature­za arrojada, movidas pelo espírito de aventura. Esse trecho do território palestiniano caracterizava-se pela sua grande densidade demográfica, e pela sua população cosmopolita. Fenícios, gregos, homens do extremo leste eram figuras familiares nas cidades da Ga­liléia. João, em contato com esses povos adquiriu um sentimento de liberalismo, desprendendo-se das con­venções tão naturais ao seu povo. Os galileus eram detestados de forma particular pelos saduceus a mais ortodoxa das castas sacerdotais. Pon­deravam sobre o atroz sofrimento em que viviam sob o jugo romano e alimentam sólidas esperanças quanto à vinda do Messias profetizado pelos livros ocultos. Ressalte-se que todos os apóstolos com exceção de Judas Iscariotes, eram originários da Galiléia.
Depois de longo período de provas no deserto, João iniciou a grande missão de arauto da Idade de Pisces. O íntimo contato travado com a natu­reza e com seres superiores facultou-lhe distinguir instantaneamente o fal­so do verdadeiro, o real do irreal. Sua voz desafiadora e vibrante marcou-o realmente como a "VOZ QUE CLAMA NO DESERTO". Organizou uma escola preparatória onde seus discípulos recebiam profunda orientação e ensi­namentos alusivos à vinda do Messias. Um dos passos iniciáticos dessa Es­cola era o Batismo, que, no Cristia­nismo Esotérico não consiste apenas na imersão, mas trata-se de um ritual conferindo poderes de clarividência. Cristo dirigiu-se a João para subme­ter-se ao ritual do Batismo às mar­gens do Jordão, inaugurando assim o seu Ministério.
João preparou-se durante anos para uma missão que, embora durasse ape­nas seis meses, revestiu-se de grande importância como movimento pre­paratório à vinda d'Aquele a quem a seu devido tempo "todo joelho se do­brará e toda língua confessará".
publicado na revista Serviço Rosacruz, agosto e outubro, 1968

31 de mai. de 2013

O Templo de Salomão












por Gilberto Silos
Reis l, cap. 6 e Reis II, cap. 7: "No ano 480 depois de saírem os filhos de Israel do Egito, Salomão no ano quarto do seu reinado, no mês de Zive, começou a edificar a casa do Senhor. A casa que o rei Salomão edificou ao Senhor era de 60 côvados de comprimento, 20 de largura e 30 de altura. Edificava-se a casa com pedras já preparadas nas pedreiras, de maneira que nem martelo, nem machado, nem instrumento algum de ferro se ouviu na casa quando a edificavam. Depois levantou as colunas no pórtico do templo, tendo levantado a coluna direita, chamou-lhe Jaquim e tendo levantado a coluna da esquerda, chamou-lhe Boaz."

A passagem bíblica da construção do Templo de Salomão, em Jerusalém, reveste-se de riquíssima simbologia e alegoria. Existe uma relação cósmica entre as medidas da edificação: 60 x 20 x 30 = 36.000 (3 + 6 + 0^0 + 0 = 9). Nove é o número do homem conforme Max Heindel afirma no Conceito Rosacruz do Cosmos. O templo de Salomão diz respeito ao homem e ao seu desenvolvimento espiritual.

A tradição esotérica estabelece uma relação entre as duas colunas do templo, Jaquim e Boaz, e as duas colunas que precediam os israelitas quando atravessaram o deserto. De noite uma coluna de fogo iluminava sua marcha. De dia uma nuvem os protegia do Sol escaldante.

O templo não poderia ser construído durante a peregrinação no deserto. No deserto só havia areia e a construção não teria estabilidade. Além disso, tratava-se de um povo nômade, sempre marchando em busca da Terra Prometida. Lá chegando, depois de muito tempo foi possível erigir o templo, através da sabedoria de Salomão.

Em Crônicas II, cap. 3, diz-se que" Começou Salomão a edificar a casa do Senhor em Jerusalém, no monte Moriá." Segundo a tradição judaica, o monte Moriá era uma rocha enorme. A rocha simboliza a verdade. As areias do deserto simbolizam as ilusões, as fantasias. O Templo de Salomão foi construído silenciosamente sobre a firmeza de uma rocha.

O Templo de Salomão simboliza a consciência espiritual do homem, formada ao longo de muitos renascimentos, experiências e sofrimentos. Esse trabalho é silencioso (sem ruídos de martelo), anônimo e consequentemente ignorado pela maior parte da humanidade. Não obstante, é a atividade mais importante e fundamental da vida. Hora após hora, momento após momento, errando, acertando e sofrendo, o homem vai erigindo sua consciência espiritual.

14 de abr. de 2013

A Fonte Da Verdade





















 
Ref.: III João: 1-4

Nestes versículos o apóstolo do Amor realça a diferença entre o regime jeovistico e a Nova Dispensação Cristã. Contrastando com os meios externos de se encontrar a verdade, próprios da Dispensação Mosaica, hoje existe a "lei da liberdade",ou seja, a lei "inserida" no coração do homem por intermédio de Cristo. A voz da verdade (a intuição) ecoa desde o coração, proporcionalmente ao desenvolvimento do princípio do Amor-Sabedoria.

A Filosofia Oculta esclarece cientificamente o processo por meio do qual a inspiração intuitiva opera e como ela pode ser cultivada.

A intuição é uma faculdade espiritual — a faculdade do Espírito de Vida — inerente a todos os espíritos, mas expressando-se melhor quando o Corpo Vital é positivo.

O sangue, ao passar pelo coração, ciclo após ciclo, hora após hora, durante toda a vida, grava as recordações nos átomos-sementes, enquanto permanecem frescas. Prepara um arquivo fidelíssimo da vida que, depois na existência post-mortem se imprimirá indelevelmente na alma. O coração está permanentemente em estreito contato com o Espírito de Vida, o espírito do amor e da unidade, o que o torna o foco do amor altruísta. Depois das recordações passarem ao Mundo do Espírito de Vida, em que se encontra a verdadeira Memória da Natureza, não voltam através dos lentos sentidos físicos mas diretamente através do quarto éter(*) contido no ar que respiramos. O Espírito de Vida pode ver muito mais claramente no seu Mundo do que nos mundos mais densos. No elevado plano que lhe é próprio, está em contato com a Sabedoria Cósmica e, em qualquer situação, sabendo imediatamente o que há de fazer, envia sua mensagem de guia e de ação ao coração. Este logo a re-transmite ao cérebro por meio do nervo pneumogástrico. Assim se formam as "primeiras impressões", os impulsos intuitivos, sempre bons porque emanam diretamente da fonte da Sabedoria e do Amor Cósmico.

A fonte da verdade que "está dentro de nós" é O PRINCIPIO DO ESPÍRITO DE AMOR-SABEDORIA. A manifestação dessa "voz interna" demanda pureza de vida e serviço amoroso prestado aos demais. Isto atrai o éter refletor do Corpo Vital por meio do qual a mensagem intuitiva é impressa, tornando a pessoa mais sensível à sua influência. Max Heindel afirma que o exercício noturno de retrospecção é de grande valia para o desenvolvimento da "voz intuitiva", porque nesse julgamento imparcial de si mesmo, noite apôs noite, o aspirante consegue discernir entre a verdade e o erro, o que não seria possível por outro meio.
(*) quarto éter= éter refletor

19 de mar. de 2013

Armadura Contra A Tentação

por Corinne Heline

A oração e a vontade espiritualizadas constituem a única armadura impenetrável contra as tentações que freqüentemente nos assediam. A admoestação de Paulo apóstolo é: "oremos sem cessar". Cada passo à frente, no Caminho, é acompanhado das provas correspondentes, que visam a avaliar nosso aproveitamento na Escola. A mais sutil delas relaciona-se, em cada nível, às nossas ambições e desejos fundamentais. Satanás (Saturno), dentro e fora de nós, sabe muito bem como tecer e colorir as tentações, se­gundo os temperamentos individuais, arquitetando armadilhas e chamarizes para despertar os que ainda não se encontrem na posse do discernimento espiritual e fortificados internamente. Cristo-Jesus deparou cada fase dessas tentações para conhecer as condições humanas e compassivamente ajudar-nos. Nelas demonstrou, para exemplo, a mais completa renúncia às solicitações mundanas, a par de total ren­dição à Vontade do Pai, no propósito de bem servir os homens. Suas pegadas, bem frescas sempre ao Aspirante sincero, conduzem à verdadeira finalidade da vida e à felicidade real.

As tentações nos vêm, vida após vida, até que o tesouro acumulado no banco celeste tenha sido testado e provado pelas experiências terrestres. Quando o Espírito de Cristo infundiu-se no corpo físico de Jesus, foi levado à Solidão, para provar sua fortaleza ou sua fraqueza. O mesmo cálice continua erguido e cheio, na proporção de cada alma para ser-lhe apresentado após cada experiência celestial, quer entre renascimentos, quer nos mais exaltados estados de consciência ,quando ainda encarnado. Devemos sempre contar com a volta à Terra, a fim de aprender a enfrentar a fornalha ardente da aflição.

A tentação marca o mais importante estágio nos primeiros tempos da vida do Aspirante. Foi uma experiência comum a todos os mestres do mundo. Num manual antigo lê-se: "Toda a mágica operação consiste em libertar-se da antiga serpente e colocar-Ihe sobre a cabeça os pés, pela ascendência da vontade do operador".

Diz o tentador: "Eu te darei todos os reinos da terra, se, prostrado, me adorares". A essa promessa o Iniciado tem apenas uma resposta: "Eu não me ajoelharei diante de ti. Tu, sim, deves prostrar-te diante de meus pés Nada podes dar-me, mas eu posso tirar de ti tudo o que desejar, porque sou teu Senhor e Mestre".

As tentações apresentam-se mais amiudamente nos primeiros estágios evolutivos, porque aludem à segunda iniciação menor. Os Evangelhos de Lucas e Mateus, que se referem aos primeiros passos no Caminho, dão mais ênfase a tentação no deserto. Marcos trata-o ligeiramente. João, cujo Evangelho se ocupa do mais elevado método de desenvolvimento, omite-o.

O Aspirante necessita das experiências do relacionamento com o mundo exterior, para evoluir. Atinge o tempo de provas logo entra na posse do amor, da riqueza, do poder e da fama. Por teste idêntico passa o neófito em outros planos, após cada exaltação de consciência. A tentação é proporcional ao grau de consciência. Quanto mais exaltado seu estado, tanto mais sutil ela surge ao que acaba de vencer mais uma fase e se guinda a uma iniciação ou iluminação superior. O propósito destes testes é sempre idêntico, em todos os graus: como uma sabatina escolar, visa a confirmar a segurança do Aspirante e avaliar como vai ele usar as faculdades e poderes recém adquiridos. O ponto comum da prova é o egoísmo: usará os talentos acrescidos como gratificação pessoal ou de forma impessoal e ampla? Será interesseiro, vaidoso, prepotente ou um servidor altruísta, humilde e amoroso? Em realidade, o egoísmo, em nós, gera o caos na esfera pessoal, social e mundial. Cada egoísta contribui para a desordem social, atraindo, em seu prejuízo, as conseqüências de seus próprios atos e dos outros a que serviu de incentivo e acréscimo vibratório. As guerras, as epidemias, são expressões gerais das convulsões internas e estados mórbidos, emocionais e mentais.

A vitória sobre a tentação é idêntica a uma grande e branca estrela, que permanece inspiradora e luminosa, acima do horizonte do mundo. "Sozinho, Ele foi tentado e ainda permaneceu sem pecado". Na solidão dos quarenta dias no Deserto, Cristo conquistou completamente aquilo que ainda restava da fragilidade e dubiedade humanas, em a santa natureza de Jesus, uma parte do trabalho empreendido naqueles quarenta dias foi empregada inteiramente na reforma dos corpúsculos vermelhos do sangue, porque, segundo sabemos, só ficará inteiramente individualizado o Ego que alcançar a capacidade de elaborar, ele próprio, seu sangue, além de submeter à sua vontade a transubstanciada energia marciana contida nele. Forma-se o sangue pela alimentação, mas sua transubstanciação depende do bom uso do pensamento. Esta alquimia, realizada no sangue de Jesus, por Cristo, carregava-o de tão tremendo poder que seus corpos mal o podiam suportar em coesão.

Somente após esse segundo passo iniciático pôde Cristo-Jesus iniciar Seu Grande Trabalho. De acordo com Mateus foi logo após esse evento que Ele escolheu Seus discípulos e pronunciou o Sermão da Montanha. Marcos relata a realização de inúmeras curas, seguindo ao mesmo acontecimento. Lucas relata a grande pesca, tão simbólica e de ricas analogias. Em cada citação temos pormenores completos do processo que se segue à conquista da Tentação, segundo a delineação do caminho de desenvolvimento.

Na medida que avançamos na Estrada da Realização Espiritual, as sutilezas da Tentação aumentam, explorando sempre nossos pontos fracos. Depois do Batismo vem a Tentação; em seguida à transfiguração.

Ultima Ceia e Lavapés, o teste de sofrimento no Getsêmani, a estigmatização do abandono e da renúncia. Antes da Ressurreição e Ascensão, a amarga experiência do calvário.

A Tentação é a barreira de passagem e um acelerador do crescimento anímico. Enfrentando-a corretamente, pelo devido preparo, como o da Rosacruz, cada prova se torna um degrau para mais alta realização e maiores conseguimentos. como ficou provado na vida do Mestre, exemplo de todos.

A Divina Senhora tonalizou-se de tal modo com Cristo desde o Batismo que, apesar da separação pela distância estava sempre apta a acompanhá-lo em seu ministério. Em espírito encontrava-se com Ele, em cada experiência da Tentação. Encerrada em seu pequeno santuário durante os quarenta dias e quarenta noites de Jejum, a grande Iniciada Maria desenvolveu um importante trabalho de cooperação com seu Senhor, de purificação e sublimidade vibratória do planeta, ilustrando um perfeito modelo a ser imitado por toda a raça humana, ou seja: ser tentada e permanecer pura.
traduzido da Rays from the Rose Cross, publicado na revista Serviço Rosacruz em abril de 1968

3 de mar. de 2013

A Àrvore da Vida

 
Deus, o Arquiteto de nosso Sistema Solar, é Trino. Seus atributos são: Vontade-Poder; Amor-Sabedoria; Moção-Atividade. O aspecto de Amor-Sabedoria é o que expressa Cristo-Cósmico o mais alto iniciado do Período Solar. Um raio do Cristo Cósmico penetrou na Terra, tornando-se desde então seu Espírito Interno e, daí para diante, tem infundido nos homens os sentimentos de altruísmo para aquisição de uma consciência idêntica à sua. Comumente Cristo usa o Espírito de Vida como veículo de expressão mais inferior de sua natureza. Funcionando conscientemente no Mundo do Espírito de Vida, o primeiro dos Mundos Universais, Ele se reflete no corpo vital dos homens, assim como aquele mundo (o seu) se reflete na Região Etérica de nosso globo. Foi ao Reino de Cristo e à Sua Consciência que São João se referiu, ao falar do "rio puro da água da vida". Igualmente, pela boca de João Evangelista o Cristo exprimiu a mesma idéia, ao dizer: "Mas aquele que beber da água que Eu lhe der, nunca terá sede, porque a água de que eu lhe der se fará nele uma fonte que salte para a vida eterna"; e mais ainda, quando disse em João, cap. 7, vers. 37: "Se alguém tem sede, venha a mim e beba".
A árvore da vida é a "faculdade de regeneração da força vital", possível por meio da nova taça de vinho mencionada como o ideal a ser atingido na futura Época,a Nova Galiléia - um órgão etérico na parte in­terna da cabeça e da laringe, construído pela força sexual libertada e sublimada, o qual, à vista espiritual aparece como o caule de uma flor que ascende da parte inferior do tronco. Esse cálix ou a taça da semente é o verdadeiro órgão criador, capaz de pronunciar a palavra de vida e de poder.
"A palavra atual é gerada, produzida, pelos movimentos imperfeitos dos músculos os quais regulam a laringe, a língua e os lábios para que o ar que vem dos pulmões torne possível determinados sons. Porém o ar é um meio denso difícil de manipular, em comparação com as mais refinadas forças da natureza, tais como a eletricidade, que se movi­menta no éter. Quando esse novo órgão tiver sido desenvolvido, tornar-se-á possível falar a palavra de vida e infundir vitalidade em substâncias que atualmente são inertes. “Presentemente, aqueles que beberem da taça da abnegação, e que podem usar sua força no serviço aos demais, estão construindo esse órgão, juntamente com o corpo-alma, que é o manto nupcial. Estão aprendendo a usar esse órgão de um modo incipiente como Auxiliares Invisíveis quando se encontram fora de seus corpos à noite, que é quando são ensinados a pronunciar a palavra do poder que remove doenças e constrói tecidos saudáveis” (Max Heindel, O Corpo Vital – Cap. IV).
Na Nova Galiléia a humanidade viverá no ar, em seus corpos luminosos, numa Terra feita de éter. O Amor e a Fraternidade prevalecerão e o Cristo (que terá vindo pela segunda vez) reinará como Melquizedeque (Rei e Sacerdote).
publicado na revista Serviço Rosacruz, setembro, 1965