13 de ago. de 2013

João, O Precursor


Ref.: Mateus, 11
À João, dentre aqueles enviados à terra antes de Jesus coube a mais elevada missão espiritual. João Ba­tista formou a primeira das Escolas Internas dedicadas às profundas in­terpretações dos Mistérios Cristãos, preparando os pioneiros para a era de Pisces. Daí o significado das pala­vras de Cristo: "O reino dos céus é tomado à força e os que se esforçam são os que o conquistam.” Isto quer dizer que a Escola Interna Pisciana fundada por João Batista constituía um caminho àqueles desejosos de pe­netrar no reino dos céus através os portais da iniciação.
Como Jesus, João nasceu de pais Iniciados, houve uma anunciação an­gélica por meio de Gabriel, uma ima­culada concepção e um nascimento santificado.
Zacharias, pai de João, foi um sa­cerdote a serviço do templo em Je­rusalém. Os sacerdotes escolhidos por sorteio encarregavam-se de su­prir de incenso o altar situado no Lugar Santo. Essa tarefa Zacharias vinha desempenhando desde a sua juventude. Após cinquenta anos de serviço no templo, achando-se no Lugar Santo, o Anjo lhe apareceu anunciando a vinda de João.
A quietude e paz do lar durante os primeiros anos de vida de João Batista, a companhia de sua santa mãe, a majestade das montanhas e a magnificência do deserto, consti­tuíram um ambiente propício ao seu amadurecimento. A promessa angé­lica de que ele seria ''cheio do Espírito Santo desde o ventre de sua mãe", realizou-se.
Com a idade de doze anos fez sua primeira visita ao templo. Observou as maravilhosas colunas, as escadas, os altares do mais branco mármore, seus portais de bronze, o séquito dos sacerdotes com suas vestes pompo­sas. Entretanto, João, constatou, a despeito de toda aquela magnificên­cia exterior, uma ausência completa de calor espiritual.
Os romanos, dominadores da Pa­lestina, conferiam o ofício de sacer­dote àquele que mais lhes pagasse. Por esta razão, Annas, o mais opu­lento e poderoso dos saduceus mantinha-se nesse posto durante o mi­nistério de João e de Jesus. Trans­formou o templo num verdadeiro antro de vendilhões.
João, durante as viagens que realizava de Judá a Jerusalém, presenciava os atos de extrema crueldade dos soldados romanos e a afrontosa co­brança de impostos. Os serviços do Templo se revestiam de um caráter mundano e o povo vivia debaixo de execrável opressão. João indignou-se contra esse estado de coisas. Sua índole, totalmente avessa a tais injusti­ças, impeliu-o mais tarde a censurar acerbamente o Estado e a Igreja.
Desde a infância mostrava-se diferente dos de sua geração. As outras crianças olhavam-no como se ele pertencesse a outro mundo. O convívio com seus elevados pais, e as instruções que recebia tornavam-no apto a cumprir uma missão de destaque.
Embora tivesse passado pelas provas que o habilitavam ao noviciado no Templo, seu Espírito encontrava-se além. Não lhe estava destinada uma vida de mera rotina. Uma grande missão o esperava.
Depois da morte de seus pais. João defrontou-se com o problema comum a todos os aspirantes que procuram dedicar-se de corpo e alma à vida espiritual, isto é, manter-se equilibrado entre as coisas do Espírito e as do mundo. Como sacerdote teria pela frente uma vida relativamente tranquila. Seus deveres para com o Templo restringiam-se a umas poucas semanas durante o ano. Isto lhe desagradava profundamente. Jamais se conformaria em servir a uma religião formal, onde os ritos purificadores eram celebrados por homens devotos no "príncipe do mundo". Tudo ao seu redor lembrava os rogos das viúvas e os choros dos órfãos, enquanto Os publicanos ofereciam as suas infin­dáveis orações, sem quaisquer vestígios de espiritualidade.
João ponderou sobre essas coisas e acabou retirando-se para o deserto. Viveu durante quase vinte anos na solidão, a que já se habituara desde sua existência passada quando renas­ceu como o rude profeta Elias. Nesse Isolamento, encontrou todas as con­dições para preparar-se devidamente como o precursor da Nova Dispensação.
A Galiléia, no tempo de João, era a encruzilhada do mundo, povoada por uma mistura de raças de nature­za arrojada, movidas pelo espírito de aventura. Esse trecho do território palestiniano caracterizava-se pela sua grande densidade demográfica, e pela sua população cosmopolita. Fenícios, gregos, homens do extremo leste eram figuras familiares nas cidades da Ga­liléia. João, em contato com esses povos adquiriu um sentimento de liberalismo, desprendendo-se das con­venções tão naturais ao seu povo. Os galileus eram detestados de forma particular pelos saduceus a mais ortodoxa das castas sacerdotais. Pon­deravam sobre o atroz sofrimento em que viviam sob o jugo romano e alimentam sólidas esperanças quanto à vinda do Messias profetizado pelos livros ocultos. Ressalte-se que todos os apóstolos com exceção de Judas Iscariotes, eram originários da Galiléia.
Depois de longo período de provas no deserto, João iniciou a grande missão de arauto da Idade de Pisces. O íntimo contato travado com a natu­reza e com seres superiores facultou-lhe distinguir instantaneamente o fal­so do verdadeiro, o real do irreal. Sua voz desafiadora e vibrante marcou-o realmente como a "VOZ QUE CLAMA NO DESERTO". Organizou uma escola preparatória onde seus discípulos recebiam profunda orientação e ensi­namentos alusivos à vinda do Messias. Um dos passos iniciáticos dessa Es­cola era o Batismo, que, no Cristia­nismo Esotérico não consiste apenas na imersão, mas trata-se de um ritual conferindo poderes de clarividência. Cristo dirigiu-se a João para subme­ter-se ao ritual do Batismo às mar­gens do Jordão, inaugurando assim o seu Ministério.
João preparou-se durante anos para uma missão que, embora durasse ape­nas seis meses, revestiu-se de grande importância como movimento pre­paratório à vinda d'Aquele a quem a seu devido tempo "todo joelho se do­brará e toda língua confessará".
publicado na revista Serviço Rosacruz, agosto e outubro, 1968

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