Ref.: Mateus, 11
À João, dentre aqueles enviados à terra antes de Jesus coube
a mais elevada missão espiritual. João Batista formou a primeira das Escolas
Internas dedicadas às profundas interpretações dos Mistérios Cristãos,
preparando os pioneiros para a era de Pisces. Daí o significado das palavras de
Cristo: "O reino dos céus é tomado à força e os que se esforçam são os que
o conquistam.” Isto quer dizer que a Escola Interna Pisciana fundada por João
Batista constituía um caminho àqueles desejosos de penetrar no reino dos céus
através os portais da iniciação.
Como Jesus, João nasceu de pais Iniciados, houve uma
anunciação angélica por meio de Gabriel, uma imaculada concepção e um nascimento
santificado.
Zacharias, pai de João, foi um sacerdote a serviço do
templo em Jerusalém. Os sacerdotes
escolhidos por sorteio encarregavam-se de suprir de incenso o altar situado no
Lugar Santo. Essa tarefa Zacharias vinha desempenhando desde a sua juventude.
Após cinquenta anos de serviço no templo, achando-se no Lugar Santo, o Anjo lhe
apareceu anunciando a vinda de João.
A quietude e paz do lar durante os primeiros anos de vida
de João Batista, a companhia de sua santa mãe, a majestade das montanhas e a
magnificência do deserto, constituíram um ambiente propício ao seu
amadurecimento. A promessa angélica de que ele seria ''cheio do Espírito Santo
desde o ventre de sua mãe", realizou-se.
Com a idade de doze anos fez sua primeira visita ao templo.
Observou as maravilhosas colunas, as escadas, os altares do mais branco
mármore, seus portais de bronze, o séquito dos sacerdotes com suas vestes pomposas.
Entretanto, João, constatou, a despeito de toda aquela magnificência exterior,
uma ausência completa de calor espiritual.
Os romanos, dominadores da Palestina, conferiam o ofício
de sacerdote àquele que mais lhes pagasse. Por esta razão, Annas, o mais opulento
e poderoso dos saduceus mantinha-se nesse posto durante o ministério de João e
de Jesus. Transformou o templo num verdadeiro antro de vendilhões.
João, durante as viagens que realizava de Judá a
Jerusalém, presenciava os atos de extrema crueldade dos soldados romanos e a
afrontosa cobrança de impostos. Os serviços do Templo se revestiam de um
caráter mundano e o povo vivia debaixo de execrável opressão. João indignou-se
contra esse estado de coisas. Sua índole, totalmente avessa a tais injustiças,
impeliu-o mais tarde a censurar acerbamente o Estado e a Igreja.
Desde a infância mostrava-se diferente dos de sua
geração. As outras crianças olhavam-no como se ele pertencesse a outro mundo. O
convívio com seus elevados pais, e as instruções que recebia tornavam-no apto a
cumprir uma missão de destaque.
Embora tivesse passado pelas provas que o habilitavam ao
noviciado no Templo, seu Espírito encontrava-se além. Não lhe estava destinada
uma vida de mera rotina. Uma grande missão o esperava.
Depois da morte de seus pais. João defrontou-se com o
problema comum a todos os aspirantes que procuram dedicar-se de corpo e alma à
vida espiritual, isto é, manter-se equilibrado entre as coisas do Espírito e as
do mundo. Como sacerdote teria pela frente uma vida relativamente tranquila.
Seus deveres para com o Templo restringiam-se a umas poucas semanas durante o
ano. Isto lhe desagradava profundamente. Jamais se conformaria em servir a uma
religião formal, onde os ritos purificadores eram celebrados por homens devotos
no "príncipe do mundo". Tudo ao seu redor lembrava os rogos das viúvas
e os choros dos órfãos, enquanto Os publicanos ofereciam as suas infindáveis
orações, sem quaisquer vestígios de espiritualidade.
João ponderou sobre essas coisas e acabou retirando-se
para o deserto. Viveu durante quase vinte anos na solidão, a que já se
habituara desde sua existência passada quando renasceu como o rude profeta
Elias. Nesse Isolamento, encontrou todas as condições para preparar-se
devidamente como o precursor da Nova Dispensação.
A Galiléia, no tempo de João, era a encruzilhada do mundo,
povoada por uma mistura de raças de natureza arrojada, movidas pelo espírito
de aventura. Esse trecho do território palestiniano caracterizava-se pela sua
grande densidade demográfica, e pela sua população cosmopolita. Fenícios,
gregos, homens do extremo leste eram figuras familiares nas cidades da Galiléia.
João, em contato com esses povos adquiriu um sentimento de liberalismo,
desprendendo-se das convenções tão naturais ao seu povo. Os galileus eram
detestados de forma particular pelos saduceus a mais ortodoxa das castas
sacerdotais. Ponderavam sobre o atroz sofrimento em que viviam sob o jugo
romano e alimentam sólidas esperanças quanto à vinda do Messias profetizado
pelos livros ocultos. Ressalte-se que todos os apóstolos com exceção de Judas
Iscariotes, eram originários da Galiléia.
Depois de longo período de provas no deserto, João
iniciou a grande missão de arauto da Idade de Pisces. O íntimo contato travado
com a natureza e com seres superiores facultou-lhe distinguir instantaneamente
o falso do verdadeiro, o real do irreal. Sua voz desafiadora e vibrante
marcou-o realmente como a "VOZ QUE CLAMA NO DESERTO". Organizou uma
escola preparatória onde seus discípulos recebiam profunda orientação e ensinamentos
alusivos à vinda do Messias. Um dos passos iniciáticos dessa Escola era o
Batismo, que, no Cristianismo Esotérico não consiste apenas na imersão, mas
trata-se de um ritual conferindo poderes de clarividência. Cristo dirigiu-se a
João para submeter-se ao ritual do Batismo às margens do Jordão, inaugurando
assim o seu Ministério.
João preparou-se durante anos para uma missão que, embora
durasse apenas seis meses, revestiu-se de grande importância como movimento
preparatório à vinda d'Aquele a quem a seu devido tempo "todo joelho se
dobrará e toda língua confessará".
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