19 de jun. de 2025

Bem aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus;

"Zaqueu" - autor desconhecido
A palavra-chave para esta primeira Bem aventurança é: renúncia. O sentido que aqui se dá ao "pobre de espírito" ou "humilde de espírito" não é o atual, tão depreciativo. Ao contrário, significa: aquele que se considera do reino dos céus e não do mundo, conforme disse Cristo: "Meu Reino não é deste mundo". "Eu venci o mundo". "Estamos no mundo mas não lhe pertencemos". E por não pertencer ao mundo, considera-se como simples depositário dos talentos divinos, embora seja diligente na administração de tudo que recebe de Deus o único dono, o Criador de quem tudo provém.

Assim, o humilde de espírito pode possuir terras, dinheiro, inteligência prestígio, títulos honoríficos, grande cultura, cargos de relevância mas conserva-se humildemente desapegado desses talentos, reservando para si apenas o que é justo e fazendo movimentar o demais para benefício da coletividade. Este assunto dá margem a longa meditação. Na verdade, o apego é um dos "senhores" mais poderosos que escravizam a humanidade. O "meu" e o "teu" vêm provocando conflitos milenares em todas as esferas humanas. A razão porque o Cristianismo nao foi estudado profundamente nas grandes Universidades se explica: "os mestres" estão mui contlicionatios por "sua" cultura para entender fundo a mensagem cristã. 

Neste sentido é que disse o Mestre: "Oculto aos sábios o que revelo aos humildes", É patética a história do moço rico. Ela está suspensa ainda, como carapuça, entrando até às orelhas daqueles que se cristalizam em seus apegos e se tornam incapazes de dar novas e melhores passos nos degraus mais altos que surgem. Felizes de quem, tendo muito, conseguem superar o apego, porque isto representa um eviderite sinal de elevaçãο. Ε como Zaqueu ele subiu pelo sicomore (elevação espiritual) para ver Cristo acima da multidão (para se por acima do comum dus homens) e Cristo vendo-o (tomando contato como Cristo interior) convidou-o a descer, porque iria pousar em sua casa (realização espiritual pela comunhão. E Zaqueu, jubiloso, prometeu repartir com os pobres metade de seus bens e devolver quadruplicado àqueles que tivesse defraudado (repartir os talentos divinos e reforma de caráter, mediante arrependimento e restituição). Assim fará o Cristo interno com todos os pecadores que desejem receber dez em sua casa (alma). 

Conta-se que um homem muito justo morreu e foi para o céu. São Pedro e recebeu calorosamente mas interrompeu a recepção para atender a algo mais importante, anunciado por um Anjo. E chegou um ricaço, cheio de luz. Chamaram os músicos, fizeram-lhe um régio acolhimento, quando S. Pedro se volta para o pobre ele estava muito aborrecido e se queixou: 

"Com efeito, São Pedro, até aqui no céu fazem diferença?".

E São Pedro justificou:

 "Mas vale o rico que se eleva ao céu, por haver vencido a tentação do apego aos muitos bens, do que o pobre, que pouco tendo, não foi tentado tão profundamente". 

Portanto, maior mérito possui aquele que, tendo grande cultura a emprega na iluminação das outros; tendo muito dinheiro, fá-lo girar de forma digna; tendo prestígio, não o perverte em favor próprio e nem para favorecer bajuladores e parentes sem mérito, senão, de de forma justa, a todo que mereça realmente; que sendo muito considera-se o menor e a todos serve sem distinção; enfim, que tenha amor, tal como como o definiu Paulo no capitulo 13 da carta aos Corintios, pois então já se tornou um instrumento consciente do Cristo interior e alcançou o legitimo sentido de Individualidade.

publicado na Revista Serviço Rosacruz de abril de 1973

Nenhum comentário:

Postar um comentário