"A Bíblia foi dada ao mundo ocidental pelos Anjos do Destino , que, estando acima de todos os erros, dão a cada um e a todos, exatamente o que necessitam para o seu desenvolvimento. Por conseguinte, se procurarmos a Luz, encontrá-la-emos na Bíblia." Max Heindel.)
Graças ao fermento de Cristo, a humanidade cresce na aspiração, na busca e na vivência da Verdade.
O que se deseja significar por Justiça? É conduta reta?
Não apenas isso. Muitas vezes as pessoas fazem coisas com as quais não estão de acordo. Pensam uma coisa e fazem outra: isto se chama hipocrisia. Justiça é pensamento reto, verdadeiro, em todos os assuntos e condições da vida. Sabemos, à luz da Filosofia Rosacruz, que todas as coisas criadas têm um correspondente arquétipo na região do pensamento concreto, ou no segundo céu; que esse arquétipo vibratório determina a duração de seus correspondentes materiais; que uma criação material não pode ser mudada nem destruída, se primeiramente o arquétipo não foi transformado ou destruído, "lá".
O mesmo se passa com nossos pensamentos e ações. Criamos mentalmente e depois a idéia toma expressão física. "Assim como é em cima, é em baixo; como é no Macro é no Micro".
A humanidade está infeliz. Isso mostra que suas criações mentais não são verdadeiras. Mas, como transformar as coisas? Como pode o homem tornar sua vida feliz? Simplesmente mudando suas criações e, através da Verdade, ir apagando em seu subconsciente as imagens criadas defeituosamente. Isto se aplica à recuperação da saúde, à reconquista da paz interior; à normalização de todas as condições da vida. Isto é saúde total, porque o homem é um ser complexo, expresso em condições físicas, emocionais e mentais. Quando a causa, a idéia, é correta, a emoção também e o ato justo, numa coerência e unidade feliz com o Cristo Interior, que é o Pensador. Se chegamos a isso, o Cristo passa a exprimir-se através de nós e então já não seremos "aquela fonte incoerente que jorra, ao mesmo tempo, água salgada e doce"; não seremos mais aquela boca que "ao mesmo tempo louva a Deus e amaldiçoa a seu irmão”.
Ter fome e sede de justiça é aspirar ardentemente por essa condição ideal: de pensar, sentir e agir segundo a Vontade de Deus. Nessa aspiração, reza o estudante rosacruz: "Faze que as minhas palavras e os ditames do meu coração sejam sempre agradáveis à Tua Presença, ó Senhor, minha Força, meu Redentor".
Mas há uma grande dificuldade em sua consecussão: nossos hábitos mentais viciosos. Queiramos ou não, ignoremos ou não, o bojo do grande "iceberg" citado na psicologia, carrega, abaixo do limiar das ondas de nosso corpo de desejos, os vícios e condicionamentos do passado. Eles estão à espera de regeneração. É preciso fazer justiça com tais pensamentos e conceitos do passado. Não quer dizer julgá-los, condená-los, oferecer-lhes resistência. Nada disso.
Fazer justiça é doutrinar o subconsciente, é convencer-se profundamente de novas verdades e persistir nelas, sem alimentar as anteriores, até que elas morram de inanição. Mas é preciso muita vigilância. Como a Hidra de Lerna vencida por Hércules, que tinha apenas uma cabeça verdadeira e as noventa e nove, falsas, nossa natureza inferior tem uma só raíz: o egoísmo que sabe dissimular e disfarçar--se, não de noventa e nove formas, senão de mil formas diferentes, sutis.
A propósito disso, cabe narrar uma lenda interessante: a verdade estava certo dia se banhando num rio. Veio a mentira e, ocultamente, tirou a roupa,deixou ali, vestiu a da verdade e sumiu. Quando a verdade saiu do banho e viu os trajes da mentira, negou-se a vestilos. Foi nua para a cidade e lá quizeram apedrejá-la. Foi obrigada a voltar e por os vestidos da mentira. Desde então, a verdade anda pelo mundo disfarçada de mentira; e esta, camuflada de verdade.
De fato, quantas vezes somos induzidos pelas opiniões correntes, a inverter as verdades dos fatos? "A verdade de Deus é loucura para os homens" e a "Verdade dos homens é estultícia para Deus". Se não tivessemos a ajuda de uma escola iniciática, como a Fraternidade Rosacruz, onde contamos com estudos baseados nas investigações diretas do iniciado Max Heindel, estaríamos sujeitos a muitos enganos. Mas com esta base tudo se facilita. Recebemos "chaves" espirituais preciosas, de discernimento.
O mal que os estudantes se impõem, é a impaciência. Querem resultados a curto prazo. Levam tantos anos para chegar na "fossa" e depois querem retornar ao "monte" da noite para o dia. Não é possível. Pode-se abreviar, pode-se indicar o caminho "do meio", o cetro do Caduceu. Mas, estarão dispostos a aguentar a subida reta? Eles têm coragem para "tomar o reino dos céus por assalto?" Aí está: quase sempre buscam uma fórmula milagrosa e, por isso, vêem-se frequentemente sujeitos ao embuste e exploração de falsos mestres "que proclamam poderes e os vendem". É preciso repetir muitas vezes: o verdadeiro orientador espiritual não cobra nem dinheiro nem prestígio; ele busca, amorosa e altruisticamente, desde o começo, libertar o Aspirante de todas as limitações internas e dependências externas, levando-o a conquistar o pleno domínio de si mesmo. Só desse modo ele pode cumprir o objetivo de seu treinamento: o de se tornar, também, num ponto de apoio e orientação dos demais, passando adiante o benefício recebido, a fim de que a humanidade seja redimida.
Aprendemos que o exercício de retrospecção noturna nos leva a esquadrinhar o íntimo e, com sua persistência, logramos trazer à tona da consciência, fatos até esquecidos, lá do subconsciente. Então podemos reexaminá-lo sob nova luz e mostrar de forma bem clara ao subconsciente porque ele está errado e porque deve admitir um conceito mais verdadeiro do fato.
A psicologia moderna nos ensina a reeducar o subconsciente. Todavia, por experiência própria, confirmada pela de outros Estudantes, sabemos que os meios espirituais são mais eficientes. Basta que, para completar o efeito beneficioso da retrospecção, se faça a meditação matinal, também recomenda por Max Heindel como meio iniciático. Este exercício nos leva a uma curiosa introvisão: vamos tomando contato com nosso Cristo Interno; somos levados a uma conscientização de nossa real identidade, de nosso Eu verdadeiro e superior. É um sentir do que está atrás do véu, lá na sala ocidental do tabernáculo humano. E há muitos indícios desse contato, segundo a natureza individual. Mas um efeito sempre subsiste: o extraordinário bem-estar e paz interior que se experimenta após o exercício.
Em conclusão, todo "filho do fogo" faz diligente, perseverante e amorosamente sua parte, para merecer a "graça" da ajuda de seu Cristo interno. Ele "ora e vigia" para que os nobres intentos do espírito, que lhe chega a mente concreta como um pensamento--forma, abram caminho valentemente através do corpo de desejos e cheguem à ação, fielmente, sem deixar-se trair pelas insinuações do caminho; ele busca fazer como "A Mensagem a Garcia": que o propósito sempre bom do espírito chegue incólume e sem disvirtuamentos à ação. Ele confia na promessa feita por Deus através do salmista: "A batalha não é vossa, mas é minha".
publicado na Revista Serviço Rosacruz de Julho de 1973
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