por Gilberto Silos
"Nisto chegaram sua mãe e seus irmãos, e tendo ficado do lado de fora, mandaram chamá-lo. Muita gente estava assentada ao redor dele e lhe disseram: Olha, tua mãe, teus irmãos e irmãs estão lá fora a tua procura. Então Ele lhes respondeu, dizendo: Quem é minha mãe e meus irmãos? E correndo o olhar pelos que estavam assentados ao redor, disse: Eis minha rnãe e meus irmãos. Portanto qualquer que fizer a vontade de Deus, esse e meu irmão, irmã e mãe" (Marcos, Cap.3:31)
Uma leitura afoita desta passagem bíblica pode induzir a uma interpretação equivocada. Aos mais apressados ou superficiais em sua análise, pode parecer que em Cristo não existia amor familiar. Não é assim. Esse episódio deve ser interpretado à luz do cristianismo esotérico. É necessário aprofundar-se na essência, deixando a roupagem de lado.
O Capitulo 03 de Marcos carrega um conteúdo profundamente simbólico. "Tua mãe, teus irmãos e irmãs" significa a família carnal. Ora, aquela centelha do Cristo Cósmico, individualizada e manifestada no corpo físico de Jesus de Nazaré, pertencia a uma outra Onda de Vida, muito mais evoluída que a nossa. Não tinha nenhum laço de parentesco com quem quer que fosse da humanidade. Alguém pode até afirmar: "Se o corpo utilizado por Cristo era de Jesus, então tratava-se da numerosa família do exaltado filho de Maria. Maria e José, os pais, eram altos iniciados. Max Heindel assevera que a concepção de Jesus ocorreu num ato único, revestido de toda pureza. E improvável que uma grande iniciada como Maria tivesse uma prole numerosa. Sendo assim tudo indica que "Tua mãe, teus irmãos e irmãs" simboliza qualquer família humana.
O Cristo, entretanto, foi mais longe quando respondeu: "Quem é minha mãe e meus irmãos?" e correndo o olhar por todos os presentes disse: "Eis minha mãe e meus irmãos". O que significa tal resposta? É uma alusão ao amor universal, uraniano, em que o sentimento familiar abrange a raça humana na sua totalidade; em contraposição ao amor venusino, restrito aos laços consangüíneos. O amor mencionado por Cristo é despojado, capaz de superar as barreiras da nacionalidade e da raça, proclamando que sua pátria é o mundo e não o espaço físico geográfico limitado onde nasce o corpo. O espírito não tem pátria. É um filho do Cosmos. Do amor de Cristo nasce a capacidade interior de superação dos dogmas e sectarismos religiosos e a compreensão de que a verdadeira religião se manifesta na prática do bem. Seria oportuno refletirmos sobre isso, porque a religião da Idade de Aquário provavelmente não será uma instituição organizada que substituirá as já existentes, mas um estado de consciência que, eventualmente, revelará a unidade subjacente em todas as doutrinas.
Publicado no informativo ECOS da Fraternidade Rosacruz - Sede Central do Brasil
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