4 de jun. de 2012

O Filho Pródigo



Gostamos sempre do final da parábola do filho pródigo. Fez uso errado do seu livre arbítrio. Sofreu as consequências penosas. Cansado de sofrer, arrependeu-se e tomou o caminho de volta ao seu lar, onde encontrou melhor acolhimento do que ousava esperar. Assimilou a sua lição, recebeu em seguida a sua herança que entendemos que se trate de herança espiritual, que será nossa um dia e daí então a nossa satisfação.

E quanto ao irmão do filho pródigo? Esse que trabalhou duramente. Esse que obedeceu a risca os mandamentos paternos, enquanto o seu irmão se divertia no mundo. Esse que atendeu escrupulosamente aos seus deveres e que "se achava", por esse motivo, "merecedor de honras especiais". A volta do seu irmão indignou-o, os braços paternos abertos para o pecador o tornaram amargo. Protestou amargamente. Quão humano é esse comportamento!

E em sua vida, caro leitor, não houve indignação quando os que, a seu ver, pouco merecendo aparentavam condições invejáveis, de progresso, por exemplo? Psicologicamente, a maneira de sentir do irmão do filho pródigo é baseada num tipo de egocentrismo que presume qualidades "únicas" em si mesmo, em nome das quais se acha merecedor de autoridade absoluta em todos os campos de atividade e em todos os mundos. É um sutil disfarce do desejo de poder. O irmão do pródigo obedeceu certamente ás leis paternas, mas não por amor ao pai e sim, porque achou que lucraria, certo que o bom desempenho da tarefa de administrar o patrimônio paterno lhe traria crédito e domínio integral. Era ainda menos amoroso do que seu irmão aventureiro, já que a sua dedicação não ia tanto para o pai quanto para os bens que administrava. O AMOR que devia ter submergido todas as dificuldades do encontro fraternal faltou, e sem amor ele e qualquer outro indivíduo caminham para a cristalização. Agora, a sua viagem de volta ao pai se tornará muito mais difícil e demorada, em comparação com a de seu irmão pródigo. Deverá sofrer enquanto se quebra pedaço por pedaço o seu pedestal de autoadmiração e só então poderá começar a sua volta ao pai, durante a qual tanto o AMOR, como a HUMILDADE deverão ser aprendidos dolorosamente. Então, poderá ser atingida a capacidade do seu irmão de clamar ao Pai: "Pai, pequei contra o céu e perante ti, já não sou digno de ser chamado seu filho"

Traduzido da Revista "RAYS F ROM THE ROSE CROSS" nº desconhecido. e publicado na revista Serviço ROSACRUZ de Junho de 1982

4 comentários:

  1. Confesso que me coloco às vezes no lugar do irmão do filho pródigo. Talvez por um certo egocentrismo, mas ainda assim, a ideia de que a recompensa daquele que sempre serviu ao seu pai seria a mesma daquele que não cumpriu com seu dever é um pouco difícil de assimilar. Infelizmente ainda somos seres que não compreendem o verdadeiro sentido do amor, da humildade, da renúncia. sempre que me coloco nesta situação de comparação com os outros tento me lembrar das palavras de Jesus: "Amará mais ao seu senhor aquele que muito lhe é perdoado". Agradeço a postagem

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    1. Obrigada amigo e irmão pelo comentário que só enriquece o texto e nos faz pensar sempre um pouco além. Efetivamente os dois na verdade eram filhos do mesmo Pai e assim nos "encontramos" ora em um , ora em outro na caminhada da vida.

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  2. Entendo bem esta parábola, pois o filho pródigo vagou pelo mundo das ilusões, se arrependeu e buscou a casa do pai, assim como nós um dia retornaremos a casa do nosso "Pai", cansados e abatidos pelas ilusões do mundo. O outro filho aparentemente ficou com o pai, almejando apenas recompensa material sem amor verdadeiro por seu pai.

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    1. Grata por sua participação! É muito bom vermos que irmãos do mesmo ideal podem se manifestar e colaborar nos temas apresentados.
      Volte sempre.

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